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PCC lucra R$ 3 mi por mês com tráfico de drogas na zona leste de SP, diz MP

Vista aérea da Cidade Tiradentes, bairro localizado no extremo leste da cidade de São Paulo - 23.ago.2019 - Gabriel Cabral/Folhapress
Vista aérea da Cidade Tiradentes, bairro localizado no extremo leste da cidade de São Paulo
Imagem: 23.ago.2019 - Gabriel Cabral/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

06/10/2019 15h22

Resumo da notícia

  • Lucro de facção em 35 locais de venda de droga na zona leste de SP é de R$ 3 milhões
  • MP conseguiu valores após prisão de integrante responsável por administrar locais
  • "Bonde dos 14" é célula localizada na Cidade Tiradentes que administra toda zona leste

Ao prender o suspeito de gerenciar para o PCC (Primeiro Comando da Capital) 35 pontos de venda de drogas na zona leste de São Paulo, em 12 de junho, a Polícia Civil paulista acredita ter obtido dados de contabilidade da facção. Apenas na região em questão, o grupo anotou lucro de R$ 3 milhões por mês.

O valor estava em fotos de cadernos armazenadas em celulares apreendidos com Sandro de Cássio Souza, conhecido como Carioca.

Carioca morava no bairro da Cidade Tiradentes, na zona leste, e é um dos acusados pelo MP (Ministério Público) de estar envolvido no planejamento para matar o delegado-geral da polícia paulista, Ruy Ferraz Fontes. O assassinato não aconteceu.

Segundo denúncia assinada pela promotora Silvia Vieira Marques, da Segunda Promotoria de Justiça Criminal da Capital do MP, em 30 de agosto, Sandro foi preso com drogas, uma arma de fogo com numeração raspada, anotações de contabilidade do tráfico, dois celulares, além da carta manuscrita com a ordem de matar o delegado-geral.

Funcionamento do grupo

Após extrair dados dos celulares apreendidos com Sandro, a investigação identificou como funciona o setor chamado "Bonde dos 14", que administra a facção no extremo leste da capital paulista, com base na Cidade Tiradentes:

Após o término das vendas, o integrante responsável pelo ponto passava pelo local e recolhia o dinheiro arrecadado. No código dos integrantes, isso se chama "arame".

Na sequência, os recibos dos pagamentos eram assinados. O pedido para recebimento e distribuição das drogas era feito por aplicativos de mensagens e repassado à cúpula da organização, que autorizava (ou não) e determinada as providências necessárias para a logística. Depois, um relatório era feito para cada droga vendida, incluindo a discriminação do valor total arrecadado e eventuais perdas para a polícia.

De acordo com a denúncia do MP, mesmo depois da prisão em flagrante de Carioca, as atividades criminosas do Bonde dos 14 continua. "As 'lojas' pelas quais ele era responsável ficaram sob o comando de sua esposa, a denunciada Vanessa Cristina Pires Rebello, a qual passou a exercer, de forma subsidiária, a função de auditora."

Ainda segundo o MP, Vanessa também é responsável por levar à cúpula casos de traição por membros da facção, para análise e julgamento em "tribunais do crime".

O Bonde dos 14, segundo a Promotoria, é a "célula criminosa responsável pela administração e controle da facção na zona leste de São Paulo, no bairro de Cidade Tiradentes" e que também constitui uma organização "com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagens, mediante a prática de ataques a autoridades do estado de São Paulo, por meio de emboscadas".

A célula se mantém, basicamente, pela exploração do tráfico de drogas, empréstimos de armas para execução de roubos de grande quantia, ocultação de bens e valores e lavagem de dinheiro com atividades ilícitas.

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