30 venezuelanos são presos por suspeita de traficar com o PCC em Roraima
Resumo da notícia
- Os 30 venezuelanos foram detidos no sábado após delação de um preso dias atrás
- Suspeitos de integrarem facção venezuelana, eles estariam atuando ao lado do PCC
- Defesa diz que suspeitos não tiveram intérprete na delegacia e que sofreram tortura
Trinta venezuelanos foram detidos na noite de sábado (12) sob a suspeita de estarem traficando drogas em Roraima junto ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Segundo as investigações, os suspeitos pertencem à maior facção da Venezuela, chamada Pranato, e agiam em Pacaraima, cidade roraimense que faz fronteira com o país vizinho.
Na tarde de ontem, a Justiça decretou a prisão preventiva, sem prazo, aos 30 venezuelanos. Em depoimento cedido no judiciário, eles negaram as acusações e afirmaram terem sofrido agressões e torturas, inclusive com utilização de choques, por policiais. As corregedorias da Polícia Militar do estado e da PRF (Polícia Rodoviária Federal), que participaram das prisões, já investigam as acusações.
Segundo o MP (Ministério Público), os 30 praticavam "crimes graves" na cidade de Pacaraima e que testemunhas atestaram que eles integram a facção criminosa venezuelana. A denúncia não apontou, no entanto, detalhes sobre os crimes e os perfis dos suspeitos.
"Todos são estrangeiros que estão ilegalmente no Brasil (ou a maioria está ilegal no Brasil), não possuem endereços definidos, alguns residem nas ruas, outros em hotéis, alguns moram em Santa Helena (outro país [a Venezuela]), não possuem ocupação. Há informações de que faziam parte de organização criminosa no seu país de origem, estão, em tese, cometendo vários crimes de forma reiterada", escreveu a juíza Liliane Cardoso, na audiência de custódia.
Ainda de acordo com a decisão judicial, a facção venezuelana foi até Pacaraima para se juntar ao crime organizado brasileiro. Os 30 foram delatados por uma outra pessoa, presa em flagrante dias atrás. "Houve uma operação da Polícia Militar e da Polícia Civil para realizar esse flagrante, com apoio desse delator-testemunha", aponta a magistrada.
A defesa dos venezuelanos informou que não houve comunicação das prisões ao Consulado da Venezuela e que, por isso, seriam prisões ilegais. Disse, também, que eles não tiveram intérpretes na delegacia e que não compreendiam o que estavam sendo questionados. Informou, ainda, que há falta de materialidade e de indícios de autoria dos crimes.
Segundo a PF (Polícia Federal), entre 2017 e 2018, 176.259 venezuelanos entraram pela fronteira de Pacaraima, mas 90.991 (51,6%) desses saíram do país — 62.314 por via terrestre e outros 28.677 em voos internacionais. Narcotraficantes brasileiros ligados aos grupos rivais FDN (Família do Norte), PCC e CV (Comando Vermelho) disputam o domínio territorial na fronteira, que vem sendo usada como corredor para o tráfico de armas e drogas.
A facção Pranato tem como origem as prisões venezuelanas, em especial Tocorón, de onde fugiu o líder Héctor Rustherford Guerrero Flores, 36, após comandar uma rebelião em outubro de 2016. Foragido desde então, El Niño --como é conhecido o chefe da facção-- foi condenado por tráfico de drogas, extorsão e homicídios.
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