Em AL, PE e RN, 350 presos se voluntariam e ajudam a tirar óleo das praias
Resumo da notícia
- Óleo atinge litoral do Nordeste há quase 2 meses
- Ainda não se sabe origem do material
- Mutirão tem retirado material das praias
- Governos de 3 estados recrutaram detentos para operação
Em Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, 350 presos se voluntariaram para ajudar na limpeza de praias que foram atingidas pelo óleo que chega ao litoral do Nordeste desde 2 de setembro.
Os detentos passaram por treinamento e estão sendo monitorados por agentes penitenciários. Eles terão redução de pena proporcional aos dias e horas trabalhadas nas praias.
Esta semana, depois da chegada de mais porções de óleo ao litoral, os governos estaduais decidiram capacitar internos dos sistemas prisionais para reforçarem os mutirões de retirada da substância das praias. As autoridades afirmam que os destacados para os trabalhos se voluntariaram diante do oferecimento da oportunidade.
Em Alagoas, 100 custodiados estão limpando praias em Japaratinga, região Norte do estado. Dentre eles, 49 são do regime fechado e, os demais, do semiaberto e aberto. Eles viajam diariamente para Japaratinga, em vans e micro-ônibus, e retornam para dormir nas unidades prisionais de origem, em Maceió.
"A Justiça considerou a excepcionalidade da situação, motivada por um grave problema ambiental, para autorizar a utilização da mão de obra carcerária", diz o chefe especial das unidades prisionais de Alagoas, Milton Pereira.
Em Pernambuco, 50 envolvidos na ação são presos do regime semiaberto da Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá, na região metropolitana do Recife. Outros 50 estão de prontidão e devem participar amanhã das equipes de limpeza.
Eles têm sido treinados para atuar na limpeza desde a última sexta-feira (18) e, agora, são considerados integrantes da força de resposta ao desastre ambiental no estado.
Na manhã de hoje, o grupo coletou a substância na praia de Barra de Jangada, em Jaboatão dos Guararapes. O secretário-executivo de Defesa Civil de Pernambuco, Lamartine Barbosa, relata que os presos descobriram um ponto com concentração significativa de óleo onde ainda não havia equipes de coleta.
"Eles encontram uns resquícios e, buscando mais fundo, encontraram muito material pesado ali ainda. É uma ação que estimula não somente a cidadania, mas também faz eles se sentirem importantes ao colaborar para o bem-estar da sociedade", diz Barbosa.
No fim desta manhã, o óleo atingiu a praia do Janga, município de Paulista, no litoral norte do estado. Com poucos voluntários no local, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico de Barros e Silva, autorizou a participação da equipe do sistema penitenciário para reforçar a limpeza.
"A ação serve também para que a sociedade reflita sobre a necessidade de apoiar a ressocialização, ofertando emprego e oportunidade. Essas pessoas se tiverem oportunidade de trabalho não correm o risco de serem capturadas por organizações e facções criminosas".
Pedro Eurico de Barros e Silva, secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco
No Rio Grande do Norte, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que 50 presos do regime semiaberto estão à disposição para ajudar no mutirão.
"O trabalho voluntariado dos internos atinge o fim social do apenado em reinseri-lo à sociedade e contará para a remição da pena como determina a Lei de Execuções Penais. Estamos aguardando o treinamento e a definição da área de atuação", diz o secretário de Administração Penitenciária, Pedro Florêncio.
Maior acidente do país
O derramamento de óleo no litoral nordestino é considerado o maior acidente ambiental em extensão do país. Até agora, não se sabe qual é a origem do derramamento de óleo.
Análise de amostras do material feita pela Marinha do Brasil e pela Petrobras aponta que a substância encontrada nas praias do Nordeste é petróleo cru e que ele não é produzido pelo Brasil. A Marinha e a Polícia Federal investigam o caso.
Relatório do Ibama, atualizado no dia 19, aponta que nos nove estados do nordeste há 200 praias atingidas. Até agora, 39 animais marinhos foram encontrados oleados, sendo 18 tartarugas e cinco aves e um peixe mortos.
Atualmente, há duas retenções de grupos de filhotes de tartarugas marinhas nos municípios de Conde (BA) e Mata de São João (BA) por conta da poluição causada pelo óleo.
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