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Não foi só Ghosn: relembre outras fugas espetaculares

Carlos Ghosn deixou casa de detenção em Tóquio após pagar fiança de R$ 17,8 milhões - Behrouz MEHRI/AFP
Carlos Ghosn deixou casa de detenção em Tóquio após pagar fiança de R$ 17,8 milhões Imagem: Behrouz MEHRI/AFP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

02/01/2020 15h53Atualizada em 07/01/2020 17h54

Carlos Ghosn, ex-CEO da aliança Renault-Nissan, fugiu da prisão domiciliar no Japão e, atualmente, estaria no Líbano —o que as autoridades libanesas negam.

O executivo foi detido em novembro de 2018, sob acusação de omitir parte de seus rendimentos e de usar indevidamente verbas das montadoras que comandava. Desde 25 de abril, cumprida pena de prisão domiciliar em Tóquio.

Ghosn afirmou que sua esposa Carole e outros membros de sua família não tiveram participação em sua fuga do Japão. A informação foi enviada pelo próprio empresário a veículos internacionais no início da tarde de hoje.

"Houve especulações na mídia de que minha esposa Carole e outros membros da minha família tiveram um papel importante na minha partida do Japão. Toda essa especulação é imprecisa e falsa. Só eu arranjei minha partida. Minha família não teve nenhum papel", disse.

Mas Carlos Ghosn não foi o primeiro a conseguir realizar uma fuga digna de cinema. Relembre outros casos:

Fundador do CV em 1985

José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha - Lewy Moraes/Folhapress - Lewy Moraes/Folhapress
Imagem: Lewy Moraes/Folhapress

Na tarde de 31 de dezembro de 1985, o traficante José Carlos dos Reis Encina, vulgo Escadinha, tido como um dos fundadores da facção criminosa CV (Comando Vermelho), foi resgatado de helicóptero do então presídio Cândido Mendes, que ficava na Ilha Grande, no Rio de Janeiro.

Escadinha foi resgatado pelo ladrão de carros José Carlos Gregório, o Gordo. Dois meses antes da fuga, ele fez alguns voos na região, que não tinha restrição, sob a justificativa de que estava procurando terras para comprar.

No dia da fuga, Escadinha escapou do presídio e foi até a praia Coroa Grande. Lá, foi resgatado por Gordo. Dois meses depois, ele foi baleado numa troca de tiros com a PM e voltou para a prisão. Em 2004, ele foi assassinado na avenida Brasil.

El Chapo em 2001

Narcotraficante Joaquin "El Chapo" Guzman  - Alfredo Estrella/AFP - Alfredo Estrella/AFP
Imagem: Alfredo Estrella/AFP

O narcotraficante Joaquin Guzman Loera, o El Chapo, líder do cartel de drogas mexicano de Sinaloa, ficou mais de uma década como fugitivo.

Em 2001, ele fugiu da prisão de alta segurança no estado mexicano de Jalisco. Alguns relatos apontam que Guzman foi levado para fora em um carrinho da lavanderia, enquanto outras versões sugerem que oficiais da prisão simplesmente o deixaram sair.

Nos anos que se seguiram, ele usou violência, suborno e uma grande rede de informantes para ajudá-lo a continuar fugitivo. Seu cartel se tornou uma das principais organizações criminosas do mundo.

Em 22 de fevereiro de 2014, ele foi encontrado em um apartamento em Mazatlán, no México, onde foi detido. No entanto, cinco meses depois, voltou a fugir, dessa vez, por meio de um túnel cavado de dentro da prisão.

Em 2016, foi recapturado por investigadores mexicanos e deportado aos Estados Unidos. Em julho de 2019, foi condenado à prisão perpétua.

Roger Abdelmassih em 2011

Condenado a 181 anos de prisão por uma série de estupros de pacientes mulheres, o ex-médico Roger Abdelmassih também fugiu do país. Beneficiado com pena domiciliar em 2011, Abdelmassih foi para o Paraguai, onde ficou quase quatro anos foragido.

Em agosto de 2014, ele foi descoberto e preso no país vizinho. Deportado para o Brasil, ficou entre o presídio de Tremembé, no interior de São Paulo, e a prisão domiciliar uma série de vezes devido complicações de sua saúde. Atualmente, ele está preso em Tremembé.

Cesare Battisti e sua série de fugas

14.jan.2019 - Cesare Battisti é conduzido por policiais italianos ao desembarcar no aeroporto de Ciampino, em Roma - Alberto Pizzoli/AFP - Alberto Pizzoli/AFP
Imagem: Alberto Pizzoli/AFP

O italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios ocorridos enquanto pertencia ao grupo guerrilheiro PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), fugiu da Itália para a França, o México, Brasil e Bolívia antes de ser detido e repatriado.

Em 1981, foi da Itália para a França. Um ano depois, foi para o México. Em 1985, voltou para a França. Com medo de ser repatriado para a Itália, decide ir ao Brasil em 2004, onde recebeu asilo. Com decisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) de repatriá-lo, ele vai para a Bolívia.

No início de 2019, disfarçado, Battisti foi preso em Santa Cruz de la Sierra, depois de driblar a PF, que fez mais de 30 operações para capturá-lo. Deportado para a Itália, chegou a Roma, onde cumpre sua pena.

Henrique Pizzolato em 2013

12.fev.2015 - Condenado no processo do mensalão, o ex-diretor de marketing do Banco de Brasil Henrique Pizzolato foi preso nesta quinta-feira. Na imagem, ele deixa o quartel dos Carabineri (a polícia italiana) de Maranello. Ministério da Justiça italiano terá 20 dias, prorrogáveis por mais 25, para decidir se ele será ou não devolvido ao Brasil para cumprir a pena de 12 anos e 7 meses - Alessandro Fiocchi/Folhapress - Alessandro Fiocchi/Folhapress
Imagem: Alessandro Fiocchi/Folhapress

Condenado a 12 anos e 7 meses de prisão por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro pelo mensalão, Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, fugiu do Brasil em setembro de 2013 e foi para a Itália.

De posse de documentos falsificados, ele deixou o Brasil de carro, por Santa Catarina, entrou na Argentina e, de lá, foi para a Espanha. Depois da Espanha, foi para a Itália. Em 2014, foi detido em Maranello. Em 2015, ele foi extraditado e levado ao presídio da Papuda, em Brasília. Em 2017, teve liberdade condicional.

Norambuena em 1996

Chileno Mauricio Hernández Norambuena preso em fevereiro de 2002 - Paulo Whitaker/Reuters/Arquivo - Paulo Whitaker/Reuters/Arquivo
Imagem: Paulo Whitaker/Reuters/Arquivo

O ex-guerrilheiro chileno Mauricio Hernández Norambuena, condenado a 30 anos de prisão pelo sequestro do publicitário Washington Olivetto em 2001, havia fugido, de helicóptero, de um presídio de segurança máxima de Santiago em 1996. No Chile, o episódio ficou conhecido como "fuga do século".

Em fevereiro de 2002, Norambuena foi preso junto a parte do grupo que sequestrou Olivetto. Ele passou por presídios de São Paulo e também do sistema penitenciário federal. Ele foi extraditado ao Chile em agosto de 2019.