"Agonia aumentou", diz homem após saber que cerveja tinha substância tóxica
Resumo da notícia
- Laudo apontou a presença de dietilenoglicol em cerveja artesanal
- Dentista foi diagnosticado com insuficiência renal após ingerir a bebida
- "Nunca esperava que isso fosse acontecer comigo", disse
Um dentista que tomou a cerveja Belorizontina disse que sua "agonia aumentou" após a indicação de que a bebida continha uma substância tóxica. Ney Eduardo Vieira Martins, 64, chegou a ser internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) dias após beber a cerveja durante uma viagem a Belo Horizonte.
Martins foi diagnosticado como portador de insuficiência renal crônica. Ele teve os mesmos sintomas que as outras pessoas internadas e a que morreu após tomar a bebida da cervejaria artesanal Backer, sediada na capital mineira.
O caso ficou conhecido nacionalmente como o da "doença misteriosa". Um laudo da Polícia Civil de Minas Gerais apontou a presença da substância tóxica dietilenoglicol em dois lotes de amostras da cerveja Belorizontina.
O dietilenoglicol é usado em processos de refrigeração industrial e de resfriamento. Se consumido por humanos, ele causa insuficiência renal e hepática, excesso de acidez no sangue, gastrite, pancreatite e até sequelas neurológicas. O dietilenoglicol é um solvente orgânico muito tóxico.
O dentista vive em São Lourenço, uma cidade turística a cerca de 390 quilômetros de Belo Horizonte. Ele esteve na capital mineira para acompanhar a primeira comunhão de um sobrinho em 30 de novembro. Nesse dia, o dentista comprou algumas garrafas da cerveja, que já havia consumido em outras oportunidades.
"Ele ficou desidratado e começou a ter enjoos", lembra Taciana Maciel, 42, esposa do dentista. "O nefrologista constatou que os rins dele não estavam funcionando. Ele ficou muito ruim. Achei que fosse morrer. Foram cinco dias na UTI", disse.
Atualmente, Martins está em casa, em repouso. Há cerca de um mês, o dentista precisa fazer hemodiálise no Hospital de São Lourenço em razão do diagnóstico de insuficiência renal.
A reportagem do UOL pediu para conversar com o dentista sobre o caso. Sua mulher disse que ele não atenderia, mas transmitiu o comentário feito pelo marido: "a agonia aumentou depois do laudo [da Polícia Civil]. Nunca esperava que isso fosse acontecer comigo".
Em nota, a Backer disse que a substância tóxica encontrada nas amostras da cerveja Belorizontina não faz parte do processo de produção. A empresa disse ainda que está a disposição das autoridades. O Ministério da Agricultura interditou a cervejaria na sexta (10) e determinou a apreensão de produtos.
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