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Mãe faz BO e acusa motorista de app de rejeitar levar jovem com autismo

Patrícia Santos Vieira acusa motorista de recusar corrida com filho com espectro autista - Arquivo Pessoal
Patrícia Santos Vieira acusa motorista de recusar corrida com filho com espectro autista Imagem: Arquivo Pessoal

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto

08/02/2020 00h54

A dona de casa Patrícia Santos Vieira, 30 anos, procurou a polícia de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, na tarde da última quinta-feira, para registrar um boletim de ocorrência de um caso de discriminação contra o filho dela, um jovem de 14 anos com transtorno de espectro autista. De acordo com Patrícia, um motorista de aplicativo cancelou a corrida e fez mãe e filho descerem do carro durante uma corrida, na tarde de segunda-feira.

A mãe relata que pediu uma corrida por meio do aplicativo de transporte 99 com destino a região central da cidade onde o filho faria uma sessão de fisioterapia na piscina.

"Entramos no carro e o motorista saiu. Coloquei o meu cinto de segurança e no meu filho. Nesse momento meu filho começou a chorar e a balançar a mão - situação normal de quando ele fica agitado. Nisso o motorista olhou e falou que não ia nos levar mais não e começou a gritar para gente descer", relata a mãe.

Patrícia conta ainda que o motorista estacionou o veículo e deixou os dois na rua. Como eles estavam a apenas um quarteirão de casa, mãe e filho retornaram a pé. Porém o adolescente perdeu a sessão de fisioterapia.

"Na hora eu fiquei sem reação, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Estava tão indignada que fiz uma postagem nas redes sociais relatam o que tinha acontecido e a história viralizou", lembra.

Segundo Patrícia, a postagem teve mais de três mil curtidas, porém foi tirada do ar após o motorista do aplicativo denunciar o conteúdo. Na tarde de ontem, mais calma, Patrícia procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência. O caso foi registrado como "praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência e injúria".

A mãe conta que a situação deixou o filho agitado e nervoso por ter perdido a sessão de fisioterapia. Segundo ela, a rotina deles ainda não foi retomada devido ao transtorno sofrido na segunda-feira.

"Ele ficou triste porque não conseguiu fazer a aula na piscina que ele tanto gosta. Agora só na próxima segunda-feira", diz.

O que diz a empresa

Em nota a 99, aplicativo por onde Patrícia pediu a corrida, disse que lamenta a situação, e acrescenta que repudia qualquer tipo de preconceito:

"A 99 recebeu, por meio das redes sociais, o relato grave da passageira Patrícia Vieira, que teve sua corrida negada por um motorista da plataforma.

Assim que tomamos conhecimento do caso, banimos o motorista e mobilizamos uma equipe que está buscando contato com Patrícia e seu filho para oferecer todo o apoio e acolhimento necessários. A 99 está disponível para colaborar com a investigação da polícia.

A plataforma reitera que investe continuamente para prevenir esse tipo de situação. A empresa realiza periodicamente rodas de conversas para orientar motoristas parceiros a terem uma postura de respeito e gentileza com todos. Além disso, uma nova plataforma de cursos para 100% dos motoristas com foco em diversidade e cidadania. Entre os módulos estão práticas de bom atendimento.

Passageiros e motoristas que tenham sofrido qualquer situação semelhante devem reportar imediatamente para a empresa, por meio de seu app ou pelo telefone 0800-888-8999, para que medidas corretivas sejam adotadas. Trabalhamos 24 horas por dia, 7 dias por semana, para cuidar exclusivamente da proteção dos usuários".