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Feriadão em SP tem fluxo de carros, comércio aberto e piquenique no parque

Talyta Vespa e Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

20/05/2020 10h47

No primeiro dia do megaferiado articulado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), São Paulo não parou em sua totalidade: no centro da capital, mesmo pela manhã, o fluxo foi intenso, tanto de carros como de pessoas. A expectativa da prefeitura é atingir um índice de isolamento entre 60% e 70% com a iniciativa.

As principais ruas de comércio do Brás, no centro, têm presença maciça de policiais militares. A movimentação, um deles confirma, tem sido grande: "Menos do que o normal, mais do que deveria".

Em frente a um dos shoppings localizados ali, um homem guarda a entrada do estabelecimento: cada vez que um funcionário se aproxima, ele olha ao redor e, rapidamente, abre uma portinha lateral: as pessoas entram, a porta se fecha, e ele permanece ali.

A discrição de quem continua abrindo loja em meio a pandemia do novo coronavírus —um dia depois de o Brasil bater recorde de óbitos em 24 horas— se contrapõe ao comércio dos vendedores ambulantes: no Brás, comerciantes se aglomeram e despejam suas mercadorias em toalhas nas calçadas.

O mesmo acontece na rua Santa Ifigênia, ainda no centro histórico, ponto de venda de eletrônicos no país.

Em frente aos portões fechados —poucas lojas estão abertas—, funcionários abordam cada carro que, por ali, passa. "Precisa de que, jovem? Pendrive, bateria? Tá fechado, mas estamos trabalhando". Ali por perto, na região da República, um funcionário da prefeitura de São Paulo trabalha em uma obra.

Piquenique no parque Ibirapuera

Não é só no centro que a movimentação chamou a atenção da reportagem: às 7h30 desta quarta-feira, o sentido zona sul da avenida 23 de Maio, que leva ao polo econômico da cidade, estava bastante carregado: não havia engarrafamento, mas o tráfego de veículos era intenso. O mesmo se observou nos dois sentidos da Marginal Pinheiros.

A quarentena, nos arredores do parque do Ibirapuera, na zona sul da cidade, virou lazer: o espaço permanece fechado, entretanto, pessoas caminham em volta dele. Às margens do lago que fica em frente ao local, tem gente fazendo ioga, lendo, se alongando e correndo. O espaço reúne famílias com crianças, muitas sem máscara, na manhã ensolarada do primeiro dia de feriado. Mãe e filha —uma menininha de no máximo quatro anos — estendem uma toalha no gramado e fazem um piquenique.

Na contramão do parque vizinho, a avenida Paulista está vazia. Por volta das 10h, poucas pessoas corriam na ciclovia e, diferentemente do que o UOL observou no centro histórico da cidade, o comércio respeita o decreto de quarentena.

O ponto turístico paulistano, antes da pandemia, costuma ser fechado para carros em domingos e feriados. Entretanto, devido à necessidade de isolamento, a Paulista tem funcionado de segunda à segunda. O fluxo de carros, assim como o de pessoas, é pouco intenso.

Poucas máscaras na periferia

Distrito com mais óbitos em decorrência da covid-19 em São Paulo —são 128—, Brasilândia amanhece quieta. O único movimento nas ruas é o de pessoas concentradas em pontos de ônibus. Por lá, as máscaras parecem dispensáveis: poucos pedestres caminhavam protegidos na manhã desta quarta-feira.

Na região, líderes comunitários, com o apoio de campanhas realizadas pela subprefeitura, apelam aos moradores que não saiam de casa. No último dia 18, a subprefeitura realizou uma ação de sanitização no bairro: as principais avenidas e ruas foram pulverizadas enquanto o pedido para cumprir o isolamento era reforçado.

Ainda assim, na avenida João Paulo II, a principal da subprefeitura, que envolve também o bairro de Freguesia do Ó, algumas lojas como bazares e docerias continuam abertos. Segundo a Prefeitura de São Paulo, tem acontecido fiscalização todos os dias em 32 subprefeituras da cidade. Até o momento, 403 estabelecimentos não essenciais foram interditados por não acatarem a decisão de fechamento na capital.

A reportagem procurou a Secretaria municipal de Transportes para saber sobre a procura do transporte coletivo e movimentação de veículos na cidade. O e-mail enviado não foi respondido. A Secretaria estadual de Transportes Metropolitanos, que comanda a CPTM, EMTU e metrô informou que vai consolidar os dados durante a tarde.