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SP: comércio reabre, estoura horário e antecipa pico em trens da CPTM

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

10/06/2020 20h49

Resumo da notícia

  • Parte do comércio da Lapa e do Brás seguiu aberto após as 15h, desrespeitando o horário definido pela prefeitura
  • O UOL constatou lojas abertas após esse horário e zero fiscalização
  • Até drive-thru em loja de sapatos foi criado para driblar o horário limitado entre 11h e 15h
  • Estação Brás da CPTM teve movimentação intensa entre 16h e 17h

A reabertura dos comércios e serviços em São Paulo hoje provocou aglomerações na capital, em especial na região central. Ruas e lojas ficaram lotadas em diferentes regiões da cidade.

A prefeitura permitiu que os estabelecimentos de rua funcionem das 11h às 15h, em decorrência da pandemia da covid-19. Entretanto, parte do comércio popular na Lapa (zona oeste) e no Brás (centro) não obedeceu ao horário e seguiu aberto em ambas as regiões após as 15h.

A reportagem do UOL esteve na Lapa até 15h30 e viu lojas totalmente abertas após as 15h e algumas com as portas semiabertas e atendendo clientes.

No Brás, lojas de calçados criaram um sistema de drive-thru para driblar o horário e continuar atendendo os clientes. A reportagem chegou ao Brás às 15h50 e testemunhou lojas do setor de perfumaria e um salão de barbeiro abertos e lojas de roupas com as portas parcialmente abertas com clientes dentro pelo menos até as 16h10.

Funcionários do comércio começaram a seguir em direção à estação de trem do Brás e aos pontos de ônibus da avenida Celso Garcia às 16h. Na CPTM, 16h20 virou horário de pico, com composições e plataformas lotadas.

No Metrô, às 13h20 e às 16h30 os passageiros viajavam sentados. Na Marginal Tetê, sentido oeste-leste, trânsito intenso às 15h35, porém sem congestionamentos, constatou a reportagem.

A reabertura tem sido criticada por médicos por conta do aumento dos casos do novo coronavírus em São Paulo, que desde o início da pandemia tem sido o epicentro da doença. Ontem, a capital registrava o acumulado de 84,8 mil casos confirmados e 4,5 mil mortes decorrentes da covid-19.

Contabilizadas as mortes suspeitas, são mais de 9,5 mil vítimas na capital. Entre 8 de maio e 8 de junho, segundo a prefeitura, ao menos 2.210 pessoas morreram da doença

Comércio ambulante

Tanto no Brás, como na Lapa, o comércio ambulante estava a todo vapor, sendo as máscaras, obrigatórias para circulação no comércio e no transporte, o produto mais vendido.

Chamou a atenção também a visível ausência de fiscalização. A reportagem não se deparou com fiscais da prefeitura nem com guardas municipais em nenhum dos bairros. Na estação Lapa da CPTM, o acesso para a rua 12 de Outubro estava completamente lotado de camelôs.

Prefeitura diz ter 2 mil fiscais no comércio

Segundo a Prefeitura de São Paulo, nesta retomada gradual do comércio, está prevista a abertura ao público por quatro horas, conforme recomendações das autoridades de Saúde. As subprefeituras continuam fiscalizando os estabelecimentos que não estão permitidos a funcionar no município. Há cerca de 2 mil agentes na fiscalização, afirma a nota.

Quanto à aplicação das regras para a abertura do comércio, afirma a prefeitura, também está prevista "fiscalização e monitoramento do próprio setor (autotutela)" pela entidade representativa do setor, que deverá se comunicar constantemente com seus associados

Uso de máscaras e filas

Também era visível a nova era do comércio, com clientes e funcionários usando máscara, oferta de álcool gel, controle na entrada para manter o número de clientes dentro do permitido, filas do lado de fora com indicadores no solo para manter distância de 1,5 metro entre cada cliente. Além disso, havia instruções impressas sobre como se comportar nas lojas e usar corretamente as máscaras e o álcool gel.

Pouco antes das 15h, o tempo de espera para entrar na Armarinhos Fernando da Lapa foi de 12 minutos. Ao entrar, o cliente recebia um cartãozinho plastificado orientando as pessoas a irem sozinhas ao caixa, enquanto o acompanhante aguarda do lado de fora. Também havia informações sobre respeitar a distância para outros clientes.

Nas lanchonetes de fast-food, mesas bloqueadas e longas filas para comprar lanche, comido de pé na rua ou no caminho de casa..

Foco dos lojistas é a orientação

Segundo a ACSP (Associação Comercial de São Paulo), o foco da entidade será a orientação dos lojistas. A recomendação é que os comerciantes cumpram as regras, em especial o uso de máscaras, distribuição de álcool gel e manutenção da distância entre as pessoas.

"Proteger clientes, funcionários e os empresários é a orientação maior", afirmou Marcel Solimeo, superintendente institucional da ACSP.

Sobre a restrição de horário definida pela prefeitura, é uma medida que causa aglomerações, devido à concentração das atividades no período de quatro horas, afirmou Solimeo. A ACSP informa que distribuiu 19 mil máscaras e disponibilizou versões impressas e para download de uma cartilha com orientações aos comerciantes.

A entidade, segundo Solimeo, acredita que, se os comerciantes seguirem as regras nessa fase inicial de reabertura, São Paulo deverá entrar na fase amarela da reabertura já na semana que vem.

A capital paulista foi classificada no nível laranja, a chamada "fase de controle". Segundo o governo do Estado, que formulou a classificação, é uma "fase de atenção e início da flexibilização de setores com baixo risco para a saúde".