Reabertura do comércio provoca aglomerações e filas nas ruas de São Paulo
Resumo da notícia
- Filas se formavam nas ruas antes mesmo do horário de abertura das lojas, às 11h
- Reportagem testemunhou aglomerações no Brás, na Lapa e no Centro, pontos tradicionais de comércio na cidade
- Muitas lojas só permitiam entrada após medição de temperatura, mas nem todas as regras foram cumpridas
- Consumidores avaliam que reabertura se deu muito cedo, mas contam que foram comprar objetos para poder ficar em casa
- Comerciante diz que volume de vendas superou suas expectativas
A reabertura dos comércios e serviços em São Paulo hoje, após negociação do prefeito Bruno Covas (PSDB) com as associações que representam os setores, provocou aglomerações na capital, em especial na região central. Ruas e lojas ficaram lotadas em diferentes regiões da cidade, enquanto números de infectados e mortos pela covid-19 não baixam.
No total, já são mais de 9,5 mil óbitos na capital, segundo boletim de ontem. Apenas de 8 de maio a 8 de junho, ocorreram ao menos 2.210 mortes segundo a prefeitura.
Mesmo antes da abertura das lojas, por volta das 11h, já havia filas na porta de determinados estabelecimentos e um fluxo constante nas ruas. No bairro do Brás, tradicional reduto comercial da cidade, a avenida Rangel Pestana, que concentra boa parte das lojas, estava lotada.
O fluxo, em determinados momentos, parava por conta do excesso de pessoas, causando aglomerações em vários pontos da avenida. O mesmo foi visto na Lapa: a rua 12 de Outubro ficou extremamente lotada. Registros de aglomeração também foram feitos na 25 de Março, no centro.
Muitos dos que se aglomeravam quebraram a quarentena após mais de dois meses confinados. Entre os clientes de uma loja de eletrodomésticos que se enfileiravam, a vendedora Priscila Cintra diz que teve de deixar o isolamento para comprar mais produtos para seu canal de revenda.
"Para mim, é cedo para abrir. Eu só vim aqui porque preciso, se não, não posso trabalhar em casa", diz ela à reportagem. "A abertura atrai as pessoas para a rua, mesmo quem não quer comprar nada", argumenta quando questionada sobre o grande número de pessoas muito próximas umas as outras.
Nem todas as recomendações foram cumpridas hoje. Em grandes lojas de eletrodomésticos, por exemplo, em cada setor de produtos era permitida apenas uma pessoa. Do lado de fora, longas filas eram formadas. Em outros estabelecimentos, no entanto, não havia controle, e um grande número de pessoas se acumulava dentro das lojas.
Outra medida adotada em toda a cidade hoje foi a medição de temperatura. Muitas lojas só permitiram a entrada dos clientes após medição indicar que a pessoa não estava com febre. A regra, no entanto, não foi cumprida por parte considerável dos comércios.
"Se pudesse, estaria em casa", diz a diarista Cláudia Mendes enquanto aguarda o momento de ter sua temperatura medida para entrar em uma loja. "Precisava comprar pano de chão e toalha, só saí para isso", diz, enquanto escolhe alguns adereços para sua casa.
A posição de parte dos consumidores contrasta com os proprietários e vendedores. Dono de um box na Rangel Pestana há um ano, o empresário Luan de Sales diz que a abertura já deveria ter sido feita antes. A loja é a única renda dele e de sua família.
"Pensei que seria fraco, que demoraria uns 4 ou 5 dias para voltar às vendas. Mas hoje fomos bem, conseguimos vendas boas", diz Sales. "Infelizmente, é meu único jeito de ganhar dinheiro, já estava ficando apertado" completa.
Regras de funcionamento
A prefeitura só permitiu a abertura desses setores depois que suas entidades representativas assinaram um protocolo de regras que precisarão respeitar, como o horário restrito de funcionamento.
As entidades se comprometeram com medidas de distanciamento social, higiene, sanitização de ambientes, orientação dos clientes e funcionários, testagem de colaboradores e medição de temperatura dos clientes.
Além do expediente reduzido, o setor precisará oferecer a opção de agendar atendimento. Os trabalhadores com filho pequeno que dependam das creches fechadas terão a opção de trabalhar de casa.
A polêmica ficou para a fiscalização, realizada pelo próprio setor, o que a prefeitura chama de "autotutela".
O comércio de rua e as imobiliárias foram autorizados a reabrir na capital paulista a partir desta quarta, mas shoppings devem ser autorizados a abrir a partir de amanhã.
O comércio pode funcionar de 11h às 15h. Já as imobiliárias podem funcionar por quatro horas, desde que o horário de abertura e fechamento não coincida com o horário de pico. O objetivo das medidas é não sobrecarregar o transporte público.
A capital paulista se encontra na fase laranja de reabertura, que permite o funcionamento desse tipo de comércio. Na capital, porém, a reabertura depende de autorização por parte da prefeitura, após análise de protocolos setoriais.
Enquanto isso, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje o aumento da quarentena no estado por mais 15 dias. O novo período de isolamento contra a disseminação do novo coronavírus vai de 15 a 28 de junho.
* Colaborou Luís Adorno, do UOL em São Paulo
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