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Avó de Guilherme fala em ódio: 'Não se vê meninos morrendo no Morumbi'

Avó de Guilherme dá entrevista ao Encontro - Reprodução/TV Globo
Avó de Guilherme dá entrevista ao Encontro Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

23/06/2020 11h04

O caso do garoto Guilherme Silva Guedes, 15, morto no dia 14 de junho ainda mexe com sua avó. Vera foi entrevistada pelo programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, e se emocionou ao falar do neto, do ódio causado por ações de violência envolvendo policiais no país, como essa, e do preconceito contra negros e pobres.

Vera afirmou que nunca teve medo de isso acontecer. "Ele era muito caseiro, não saia. Todo lugar que ele ia, ele me pedia, nunca saía sem avisar", afirmou ela. Na noite em questão, ele saiu do portão para conversar com outro menino, e não voltou mais.

Por conta deste caso, o terceiro-sargento da PM Adriano Fernandes de Campos, do Baep (Batalhão de Ações Especiais), de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, está preso no presídio militar Romão Gomes, zona norte da capital, sob suspeita de ter participado do sequestro, tortura e morte do adolescente.

Questionada por Fátima sobre o sentimento, ela só conseguiu dizer: "Ódio".

Segundo Vera, o caso mostra a disparidade da visão da polícia entre ricos e pobres. "Tem, com certeza. Você não vê reportagem de menino que morre no Morumbi, em Moema. Não escuta na TV: 'mataram um menor no Morumbi, ou em Moema'. Não se escuta algo assim."

O programa ainda entrevistou a família da garota Maria Eduarda. Na semana passada, a Justiça do Rio condenou o Estado a pagar indenização de R$ 1 milhão, por danos morais, à família da adolescente, de 13 anos, que foi morta com tiros de fuzil dentro de uma escola pública, no bairro de Acari, na zona norte do Rio, durante uma operação da PM na comunidade.

"Uma vida não tem preço. Maria Eduarda não tem preço. Mas o Estado tem que pagar. A minha filha estava dentro de uma escola e eles mataram o sonho da Maria Eduarda. Eles foram imprudentes. Tinha um colégio, não podia atirar. As crianças têm que viver. Eu peço Justiça, sim, para que não matem outras crianças", afirmou a mãe da menina, Rosilene Alves.

O irmão dela - não identificado pelo programa -, foi além: "Foi um segundo crime essa indenização, porque não chega nem a um quarto do que nosso advogado pediu. Mas minha mãe não aguenta mais, nós não aguentamos mais isso".

O caso ocorreu no dia 30 de março de 2017. O juiz, no entanto, julgou improcedentes os pedidos de indenização para um casal de tios e dois primos da adolescente. O Estado ainda pode recorrer da decisão.