Mulher recebe alta após perder bebê e passar 84 dias internada com covid-19
Uma família de Santos, no Litoral de São Paulo, teve a vida transformada pela covid-19. Após 84 dias de internação por conta de complicações da doença, a promotora de vendas Priscila Silva dos Santos, de 35 anos, recebeu alta ontem. Ela passou 60 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), 40 deles em coma, e perdeu o bebê que esperava no 8º mês de gestação.
De acordo com o marido, Thiago Martins de Maria, Priscila foi internada no dia 6 de maio no Hospital Ana Costa, em Santos, após testar positivo para a covid-19. "A família toda ficou doente, acreditamos que um passou para o outro. Mas como os sintomas estavam leves, fomos tratando em casa. No dia 6 ela começou a ficar com falta de ar e por ter bronquite asmática, apesar de não ter crise há anos, achamos melhor leva-la ao médico", conta Thiago.
Já no hospital, a doença evoluiu no segundo dia de internação, quando a promotora de vendas foi encaminhada para a UTI e precisou ser entubada. O parto foi realizado no dia 8 de maio, mas a criança nasceu sem vida por conta de uma insuficiência respiratória.
"Foi um baque, porque não imaginávamos que seria tão grave. Eu nem consegui ir ao hospital ver o bebê, primeiro porque estava em quarentena em casa, tratando a doença e também porque não queria guardar aquela imagem do meu filho. Quando enfim me recuperei, tive que assinar a papelada para a traqueostomia, pois o tubo poderia prejudicar as cordas vocais dela. Mas tudo era arriscado. Foi um período muito difícil", relembra Thiago.
Durante o tempo de internação, Priscila chegou a ter duas paradas cardíacas, convulsões e suspeita de trombose, além de não responder aos tratamentos e ficar em estado crítico. Foi somente no dia 17 de junho, na véspera do seu aniversário, que saiu do coma.
"Foi um milagre e um presente para todos nós. As enfermeiras fizeram uma festa no quarto, mas ela não lembra. Ela soube da perda do bebê ainda no hospital e apesar de abalada, está tranquila, diz que Deus sabe o que faz. Por vários dias chegamos a pensar no pior, mas a saúde da minha esposa foi reestabelecida", conta Thiago.
Juntos há 12 anos, eles são pais também de Rafael Martins, de sete anos, que ficou mais de dois meses sem ver a mãe. O reencontro aconteceu ainda no hospital, no último dia 20.
Mesmo após a alta, Priscila ainda precisará passar um tempo usando um centralizador de oxigênio e fazendo fisioterapia para recuperar a capacidade pulmonar.
"A covid foi devastadora para ela, acabou com a pleura do pulmão. Eu sou autônomo, preciso trabalhar na rua e hoje fico muito triste quando vejo aglomeração e grávidas andando pela cidade como se estivesse tudo bem. Essa doença é traiçoeira. Nunca sabemos como ela vai atingir a nossa família", conta.
Estatísticas
Em nota, a Secretaria de Saúde de Santos informa que 43 gestantes foram internadas na rede hospitalar com covid-19 (unidades públicas e privadas) desde o início da pandemia, sendo 26 delas moradoras da cidade. Não houve óbitos de gestantes por decorrência da doença nem há gestantes internadas no momento com casos confirmados.
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