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Paciente encontrada morta após sumir de hospital foi vítima de violência

Valéria Muniz de Carvalho, doméstica que foi encontrada morta no Rio de Janeiro, e o namorado, Milton de Souza - Acervo pessoal
Valéria Muniz de Carvalho, doméstica que foi encontrada morta no Rio de Janeiro, e o namorado, Milton de Souza Imagem: Acervo pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

24/09/2020 10h27

Valéria Muniz de Carvalho, 52, a paciente que foi encontrada morta após deixar o hospital Salgado Filho com o pé quebrado sem que fosse abordada pelas equipes da unidade de saúde, morreu em decorrência de uma hemorragia interna provocada por violência, informou a família.

"O laudo feito apontou hemorragia interna e a minha irmã tinha manchas roxas espalhadas no corpo. Tinha hematoma no queixo, braço e também na parte de trás do corpo. Até agora não sabemos o que ocorreu. Só sabemos que ela saiu de lá [do hospital] para morrer", disse Vânia Muniz, irmã de Valéria.

O caso

A vítima estava internada no Salgado Filho com uma fratura no calcanhar, resultado de uma queda. Ela deu entrada na unidade de saúde na quinta-feira (17) e saiu à revelia no sábado (19). Imagens do circuito interno da unidade mostram a paciente circulando na unidade com o pé enfaixado, mancando e deixando o hospital pela saída de emergência sem que fosse abordada por funcionários. A família disse que não foi avisada da saída dela do hospital.

O corpo de Valéria foi encontrado no bairro do Cachambi, a 2,5 km de distância do hospital, e foi encaminhado para o IML (instituto Médico Legal), onde foi localizado pelos parentes. O enterro ocorreu ontem no cemitério do Pechincha, na zona oeste do Rio.

O que diz a Secretaria de Saúde

A Secretaria Municipal de Saúde, responsável pela unidade, informou que a paciente não sumiu do hospital, mas deixou o Salgado Filho por vontade própria.

"A direção do Hospital Municipal Salgado Filho mais uma vez lamenta a morte da sra. Valéria Muniz e reitera que está colaborando com a investigação policial e, já tendo cedido, por exemplo, as imagens das câmeras de segurança que mostram o momento em que a paciente deixa a unidade, às 5h de sábado", disse a Secretaria, em nota oficial.

"É importante destacar que a sra. Valéria era uma paciente adulta, lúcida e deixou a unidade sem autorização ou alta hospitalar, não havendo portanto nenhum documento assinado. O termo de responsabilidade por deixar o hospital durante o tratamento só é assinado quando há um acordo, chamado de "alta a pedido", entre paciente e equipe médica", completou.

A pasta disse ainda que "o Salgado Filho tem vigilantes para controle de seus acessos, em todas as entradas e saídas da unidade. É preciso deixar claro que não há como obrigar, em casos como a da Sra. Valéria, que o paciente fique internado contra a sua própria vontade. Há exceções, claro, como em casos de pacientes da Saúde Mental ou que estejam desorientados por uso de medicação ou idosos e crianças".

Fonte desmente Secretaria

No entanto, uma fonte do hospital ouvida pelo UOL disse que é de praxe que os pacientes que desejam interromper a internação assinem um termo se responsabilizando pela saída da unidade de saúde.

"Não se saí por conta própria e tudo bem. O que aconteceu é que ela saiu e só perceberam depois. Para piorar, a paciente foi encontrada morta posteriormente. Todo paciente que não quiser prosseguir com os cuidados médicos deve comunicar à equipe médica e assinar um termo. Ninguém sai e pronto. Não teriam permitido ela deixar a unidade sem esse documento assinado".

Procurada a Polícia Civil do Rio, disse que as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias da morte.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado na primeira versão do texto, quinta-feira foi dia 17, e não 16.O erro foi corrigido.