Mulher que disse 'odiar negro' faz novos ataques racistas após pagar fiança
A mulher que foi detida esta semana após fazer ataques racistas contra um guia de Turismo, em João Pessoa (PB), foi flagrada novamente, em vídeo, se autodeclarando racista e dizendo que odeia a raça negra. Com a divulgação do novo registro, segundo a Polícia Civil, a mulher, identificada como Luzia Sandra de Medeiros, pode responder pelo crime de racismo, que é inafiançável. A família apresentou laudo atestando que a mulher tem transtornos mentais.
Na quarta-feira (14), Luzia Sandra foi detida após agredir verbalmente com palavras racistas um guia de Turismo dentro de uma agência bancária. O guia foi até a delegacia e prestou queixa contra a mulher. Ela pagou fiança de R$ 350 e vai responder em liberdade pelo crime de injúria racial.
Já a nova confusão aconteceu em uma loja do Centro de João Pessoa. A mulher aparece gritando com outra de pele aparentemente mais escura. Ela afirma: "Sou racista porque sua raça é ladra". A outra rebate: "Me respeite, a senhora é uma imunda". Em determinado trecho, Luzia Sandra pede para o funcionário da loja não misturar o cartão dela com o "dessa raça negra amaldiçoada".
A mulher que é atacada ameaça bater na outra. O funcionário da loja pede para que ela tenha calma e diz que tudo está sendo gravado. No vídeo, é possível ouvir pessoas cogitando chamar a polícia e algumas até alertam a mulher que racismo é crime, mas ela continua a proferir os insultos.
Luzia chega a se comparar com Hitler, ditador alemão que perseguiu judeus durante a Segunda Guerra Mundial e que acreditava na superioridade da raça ariana. "Seja homem, seja mulher, seja menino, a raça negra não presta", diz a mulher, aos gritos.
Delegado cita situação "abominável"
Com a divulgação desse novo vídeo, Luzia Sandra pode responder pelo crime de racismo, segundo o delegado seccional Pedro Ivo Soares Bezerra, da Primeira Delegacia Seccional da Polícia Civil da Paraíba. "O que temos é uma situação lamentável, abominável", frisou.
Ele explicou que no primeiro caso a mulher foi autuada em flagrante e a delegada entendeu que o crime praticado foi o de injúria racial, que acontece quando se ataca uma pessoa específica. O caso foi encaminhado para a delegacia de crimes homofóbicos e raciais. Após a conclusão do inquérito e com a juntada de elementos, a polícia pode entender que houve racismo e não injúria racial.
"Para minha surpresa, tivemos acesso a um novo vídeo. Esse foi gravado em uma loja onde a mulher faz comentários até mais graves que no primeiro dia. Eu já expedi um ofício e a polícia vai instaurar o inquérito", disse o delegado. Bezerra reiterou a importância de que as pessoas gravem situações como essas para ajudar a polícia nas investigações e na punição dos envolvidos.
Família apresenta laudo
Ontem, a família de Luzia Sandra apresentou um laudo atestando que a mulher sofre de transtorno afetivo bipolar, e que isso seria a causa dos ataques racistas. O documento é datado de 15 de outubro de 2020, um dia após a confusão na agência bancária, mas mostra que a paciente começou o tratamento ainda em 2017.
Contudo, o delegado disse que esse laudo não foi apresentado à polícia e que, até o momento, a mulher não pode ser considerada inimputável ou seminimputável, o que só pode ser definido após avaliação com médico perito, que vai atestar se ela pode ou não responder pelos atos.
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