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Jovem morre após ser baleada na cabeça em casa noturna de São Gonçalo (RJ)

Andrielly Vitoria do Nascimento foi levada ao Hospital Estadual Alberto Torres (foto), mas não resistiu - Divulgação
Andrielly Vitoria do Nascimento foi levada ao Hospital Estadual Alberto Torres (foto), mas não resistiu Imagem: Divulgação

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

23/10/2020 21h39

Uma jovem de 18 anos foi morta com um tiro na cabeça no final da madrugada de hoje enquanto trabalhava em uma boate no bairro do Alcântara, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. De acordo com a polícia, o responsável — que já foi identificado, mas não teve o nome revelado — ficou irritado ao sair da boate, pois não queria pagar a conta, e começou a atirar a esmo dentro da casa noturna.

Andrielly Vitoria do Nascimento foi atingida na cabeça e não resistiu. De acordo com as investigações, a jovem trabalhava como garota de programa no local.

A prima da jovem, a vendedora Alessandra de Souza, 36, conversou com o UOL e disse que os pais estão muito abalados. A família não sabia que Andrielly se prostituía.

"Ela era uma pessoa maravilhosa. Tinha um amor muito grande pela família, principalmente pelos irmãos. Só Deus sabe o que estamos sentindo — independente do que ela escolheu como profissão, ela era uma menina pura, e hoje, os pais, irmãos, tios e primos estão sofrendo, pois ela não irá voltar mais. Não acho nada correto falarem o que estão falando dela. Ela foi tirada covardemente e brutalmente. Nós queremos justiça, mesmo sabendo que não vai trazer a vida dela de volta. Não podemos deixar que ela vire mais uma estatística", disse Alessandra.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou a jovem para o Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, também em São Gonçalo. No entanto, em nota, a direção da unidade informou que não resistiu aos ferimentos e morreu pela manhã.

Os pais de Andrielly do Nascimento passaram o dia no Instituto Médico Legal para realizar o reconhecimento do corpo. Ainda não há informações sobre o enterro.

De acordo com a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, testemunhas já prestaram depoimento e identificaram o suspeito que, segundo as investigações, era um cliente da boate. Os agentes já realizaram a perícia no local.

Boate já foi alvo do MP

A Boate Club 488, onde a jovem foi baleada, já foi alvo de uma denúncia do Ministério Público. Segundo o órgão, o local, que fica na rua Coronel Rocha Sobrinho, pertencia a um policial civil que usava o local para rufianismo (exploração da prostituição) e formação de quadrilha.

A denúncia do caso foi feita também com o intermédio de promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em conjunto com a 2ª Central de Inquéritos. Os acusados, porém, foram absolvidos.

Além do policial, outros cinco homens seriam os sócios do local e também estariam envolvidos no esquema. Eles foram detidos em dezembro de 2010, acusados pelos crimes contra os costumes e a dignidade sexual e contra a ordem tributária, corrupção ativa e falsidade ideológica.

Segundo o MP, os acusados ganhavam dinheiro sobre a exploração sexual de jovens no local. Ainda haveria um esquema de pagamento de propina em troca da omissão das autoridades policiais sobre o local. Os acusados arrecadavam cerca de 50% dos valores cobrados pelos programas sexuais, que variavam entre R$ 40 e R$ 100.