Tubarão de duas cabeças é achado pela primeira vez no litoral de São Paulo
Um tubarão de duas cabeças foi encontrado por pescadores entre Itanhaém e Peruíbe, no litoral paulista, e pode ser uma das peças-chaves para ajudar a entender os impactos da poluição no planeta. Um dos responsáveis pela pesquisa com o animal, o professor e biólogo Edris Queiroz, do Instituto de Biologia Marinha e Meio Ambiente (Ibimm), afirma que se trata do primeiro tubarão galhudo gêmeo siamês achado na natureza. O animal também tem duas colunas vertebrais, dois corações, dois fígados, entre outros órgãos duplicados.
Embora sejam necessários mais estudos para saber o que, de fato, foi o responsável pela anomalia, o professor explica que uma das causas podem ser os problemas ambientais, uma vez que os tubarões são acumuladores de toxinas, como metais pesados. Além disso, eles estão no topo da cadeia alimentar e comem muito do que está no oceano, podendo ingerir diversos animais contaminados, pontua Queiroz.
Ocorrências como essas são raras e relativamente recentes. Segundo Queiroz, os primeiros registros oficiais de casos como esse, que somam cerca de dez em todo o mundo, datam de 1934 - na época, inclusive, esses animais eram tidos como monstros. Além disso, nenhuma delas tem a mesma característica do tubarão brasileiro, pois os outros animais tinham duas cabeças, mas compartilhavam os demais órgãos.
Outras causas
Embora as questões ambientais sejam uma possibilidade para o nascimento do tubarão gêmeo siamês, o pesquisador afirma também que outra explicação podem ser problemas relacionados à parte genética, como algo hormonal.
Além disso, a fêmea também pode ter colocado mais ovos do que deveria, o que fez com que ficassem muito grudados e se fundissem. Nesse caso, explica o professor, também pode ter certa responsabilidade do ser humano, por conta da pesca predatória. Os tubarões, lembra ele, são muito procurados inclusive para fins gastronômicos.
"Os tubarões estão correndo um grave risco de extinção. Talvez exista alguma mensagem de que eles têm de se reproduzir mais rapidamente. Algo está ocorrendo no oceano com eles", avalia.
De toda forma, tubarões de duas cabeças não sobrevivem por muito tempo, pois são uma presa fácil. Estima-se que o encontrado no Brasil, por exemplo, não tinha mais do que dois meses. Ele já comia e tinha dentes afiados.
É relevante, segundo Queiroz, que quem encontrar um animal raro como esse notifique instituições científicas, para que possa se fazer estudos sobre o que realmente está ocorrendo no planeta.
"É importante que as pessoas avisem as instituições científicas, para que haja uma análise fisiológica do animal, para que sejam feitos exames dos órgãos internos e, assim, para se verificar se tem algo influenciando essas ocorrências", afirma o professor.
Participaram do estudo, além de Queiroz, a bióloga Luana Felix, também do Ibimm, e os professores Eduardo Malavasi e Alberto Amorim, do Instituto de Pesca de Santos.
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