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Carro cai na Baía de Guanabara e quatro pessoas morrem; há um sobrevivente

Quatro pessoas morreram na noite de ontem após o veículo onde estavam cair na Baía de Guanabara - Divulgação
Quatro pessoas morreram na noite de ontem após o veículo onde estavam cair na Baía de Guanabara Imagem: Divulgação

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

19/11/2020 08h50

Quatro pessoas morreram na noite de ontem, após o veículo onde estavam cair na Baía de Guanabara, na região Portuária do Rio de Janeiro. O acidente ocorreu após o motorista perder o controle do carro, na Avenida Rodrigues Alves, altura do armazém 11. Chovia forte na cidade.

Uma quinta pessoa que também estava no veículo sobreviveu porque conseguiu deixar o veículo antes de ele afundar. Segundo os bombeiros, ela não se feriu, não precisou de atendimento e foi liberada do local. O motorista e os passageiros do carro eram funcionários eram da Pennant Serviços Marítimos. Familiares reclamaram da conduta da empresa, que demorou a relatar o ocorrido, e do trabalho exigido durante a pandemia do coronavírus.

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 21h20. Segundo a corporação, o carro foi encontrado pela equipe de mergulho, quase duas horas depois, às 23h15. Por volta de 00h40, a última vítima foi retirada do interior do carro.

Denilson Cruz, de 53 anos, Luiz O. Silva, de 40, Paulo Almeida, de 34, e Rogério R. Sacramento, de 48, foram encaminhados para o IML (Instituto Médico Legal).

Procurada, a Marinha do Brasil disse que tomou conhecimento do acidente e que através do 1º Distrito Naval deslocou uma equipe de Busca e Salvamento para o local.

"A equipe acompanhou as atividades dos mergulhadores do Corpo de Bombeiros que realizaram a busca e resgates das pessoas que se encontravam no interior do veículo, garantindo a segurança da navegação no entorno do local do acidente", disse através de nota.

Familiares criticam empresa

Caroline Coelho da Silva, mulher de Luiz Carlos, disse que soube do acidente por amigos e que o RH da empresa ligou somente hoje para a família.

"Eu fiquei sabendo do acidente no grupo de WhatsApp. Não tinha nada para eles fazerem na empresa. Eles estão com o pagamento atrasado. A firma está se arrastando há muito tempo. Eles fazem as pessoas irem pra lá e saírem dez horas da noite. O local não tem iluminação, não tem proteção nenhuma para os funcionários". Meu esposo cansou de ir a pé da [Rodovia] Presidente Dutra até em casa, meia-noite", contou ela.

Já a esposa de Rogério Sacramento contou ainda que o marido foi praticamente coagido a trabalhar no dia de ontem e confirmou os problemas da empresa.

"Ele vinha relatando muitos problemas de segurança do trabalho e condições de trabalho. A gente é pago para estar na empresa, mas eles não podiam trabalhar no navio, parece que por coronavírus, tranquilo (...), mas eu tenho a conversa dele dizendo que foi praticamente coagido a trabalhar para catar copinho de papel.

"Eles estão com pagamento atrasado, sem ticket de refeição, sem passagem, muitos deles indo para casa a pé. Obrigados a ficar lá até tarde", completou.

Dielson Raimundo Cruz, irmão de Denilson confirmou que a família só soube do acidente pela imprensa e que mandou mensagens para o irmão que não respondeu.

"Ficamos sabendo através da reportagem, até o momento empresa não entrou em contato. Mandei para ele: 'Denilson, verifica esse acidente aí porque pode ter ocorrido alguma coisa com algum amigo seu', mas ele não me respondeu. Para minha infelicidade, meu irmão estava dentro desse veículo"

O UOL conversou na manhã de hoje com um funcionário da Pennant Serviços Marítimos, que pediu para não ser identificado. Segundo ele, quem dirigia o veículo era um segurança sem experiência necessária para atuar no local.

"Eles estavam indo embora. O rapaz que estava dirigindo era o vigilante. Ele não tem experiência com carro. Dirige ali para gente para quebrar um galho. Faz um transporte interno porque a região do porto é muito grande. Ele tava só quebrando um galho, como outros também fazem. Como é o último a deixar o local, ele leva os funcionários para Rodoviária e para o INTO [Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia], onde tem condução para gente. O local é escorregadio e exige uma experiência, mas isso poderia ter acontecido com qualquer um de nós".

O UOL ainda não conseguiu contato com a empresa.

A Companhia Docas do Rio de Janeiro informou que "a Diretoria Executiva da CDRJ se solidariza com as famílias das vítimas e com os colegas da empresa Pennant e ressalta que os empregados da Autoridade Portuária estão consternados com a tragédia, tratando-se de uma uma perda inestimável para todo comunidade portuária".