Movimento 'Black Lives Matter' apoia protestos no Brasil e critica Mourão
O movimento "Black Lives Matter", que luta contra o racismo nos Estados Unidos, se manifestou sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas, negro de 40 anos que foi espancado até a morte em Porto Alegre. Os americanos apoiaram os protestos que ocorreram ontem no Brasil e criticaram o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), que negou a existência de racismo no país.
Na publicação inicial, o movimento colocou uma imagem que convoca pessoas do mundo inteiro a boicotar o Carrefour, supermercado onde aconteceram as agressões. É uma rede francesa, com lojas no mundo todo, portanto os movimentos negros estão pedindo esse boicote mundial, reforçado agora pelo ""Black Lives Matter", organização que ganhou força após a morte de George Floyd nos Estados Unidos.
"Somos solidários às pessoas que protestam no Brasil depois que João Alberto Silveira Freitas, negro de 40 anos, foi assassinado por seguranças do supermercado Carrefour, sendo um deles um policial militar temporário de folga. João foi brutalmente atacado em 19 de novembro, apenas um dia antes do Dia da Consciência Negra no Brasil", relatou o movimento "Black Lives Matter" no Twitter.
Mourão disse que não existe racismo no Brasil e ainda afirmou que é "uma coisa que querem importar". O "Black Lives Matter" discordou.
"O vice-presidente do Brasil diz que 'racismo não existe no Brasil. Isso é algo que eles querem importar aqui'. Não aceitamos a resposta do vice-presidente nem o Carrefour", manifestou o movimento, reforçando o convite ao boicote.
Por fim, o "Black Lives Matter" explicou que o caso precisa ser tratado como consequência do racismo estrutural.
"Não aceitamos que as responsabilidades se concentrem em ações individuais, não naqueles que criam e mantêm estruturas racistas. Isso é inaceitável. Isso é perigoso. É por isso que devemos nos juntar às chamadas do Brasil. Estamos aqui para defender a justiça", concluiu.
Protestos
A morte de João Alberto provocou revolta e protestos em todo o Brasil. Cerca de 2.500 mil pessoas se reuniram em um protesto, ontem, na zona norte de Porto Alegre. Os manifestantes se concentraram em frente ao principal acesso ao Carrefour, na avenida Plínio Brasil Milano. O estabelecimento não abriu as portas hoje.
Após um início pacífico, um grupo de cerca de 50 pessoas tentou invadir o supermercado fechado. A Brigada Militar ocupou o interior do estabelecimento e passou a jogar bombas para afastar os manifestantes do portão, que acabou danificado. Uma pessoa conseguiu invadir o pátio e colocou fogo em alguns materiais. Após a confusão, muita gente deixou o protesto.
Em São Paulo, manifestantes invadiram a loja do Carrefour, localizada dentro de um shopping na região da avenida Paulista. Sob ordens de "não saquear", os manifestantes quebraram o portão de ferro e a fachada de vidro do supermercado, jogaram pedras e depredaram. Jogaram potes de tinta dentro da loja, mas não houve saque. Ninguém se machucou. Um princípio de incêndio rapidamente foi controlado. Pelo Twitter, alguns manifestantes relataram terem visto pessoas na região jogando ovos e garrafas de vidro em direção aos integrantes do protesto.
Na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, houve protestos em duas redes do supermercado, um dentro de um shopping center e outro em uma unidade do centro. Entre os manifestante estava o cantor Djonga, que postou um stories do ato em seu Instagram.
Já no Rio de Janeiro, o protesto ocorreu em uma unidade na Barra da Tijuca, onde os manifestantes gritavam "assassinos" e "vidas negras importam". Curitiba também registrou atos no fim da tarde de hoje.
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