Desaparecimento e morte de cães é mistério na Universidade Federal do Pará
O desaparecimento de cães que vivem na UFPA (Universidade Federal do Pará) está intrigando a polícia e um grupo de protetores. Dezenove sumiram, cinco foram encontrados mortos. Alguns corpos apareceram boiando no rio e outros na área do Campus. Uma cadela, que está amamentando quatro filhotes, foi envenenada e salva pelos protetores.
Voluntários que fazem parte do grupo "Peludinhos da UFPA", que cuida dos cães e gatos que vivem na universidade há mais de 20 anos, começaram a sentir falta dos cachorros em março, quando começou a pandemia do novo coronavírus. Eles contam que, mesmo com as aulas suspensas, o cuidado com os pets nunca foi interrompido.
"Formamos um grupo com mais de 40 voluntários, que se reveza em escala, para alimentá-los e monitorá-los diariamente. Temos planilhas com a foto deles, localização, características, como a coloração do pelo, temos todo esse controle. Aos poucos fomos sentindo a falta deles", conta a coordenadora do projeto, Elisabete Pires, ao UOL.
No dia 8 de outubro, os dois primeiros corpos apareceram boiando no rio, cuja universidade fica às margens. "Um dos nossos voluntários, que é remador, foi quem avistou os corpos boiando no rio e nos comunicou", conta Pires.
No dia 25 de outubro, mais um corpo foi encontrado boiando, preso à ponte que liga dois campus da universidade. "O cachorro estava dentro de uma saca, com metade do corpo para fora. A saca se abriu quando ele engatou em um tronco", lamentou a coordenadora, que só depois soube que se tratava da cadela loura, uma das mais queridas e dóceis e que vivia há cinco anos na universidade.
Na segunda-feira (23), mais dois corpos foram encontrados, sendo um no rio e o outro, que causou mais espanto nos protetores, na frente de um dos centros acadêmicos. "Era um animal jovem, de sete meses, sem nenhum problema de saúde", contou a Eliete.
Ainda segundo ela, no mesmo dia uma cadela que amamentava seus quatro filhotes no estacionamento da universidade, foi envenenada e os voluntários conseguiram salvá-la.
A coordenadora do grupo conta que o "Peludinhos da UFPA" sempre enfrentou um clima de animosidade com alguns frequentadores da universidade e por isso teme pela segurança dos animais. Ao todo são 255 cães e 30 gatos, que dependem exclusivamente das ações voluntárias do grupo, que vive de doações. "Existe uma animosidade entre algumas pessoas, alguns servidores que condenam o fato de alimentamos os animais e querem proibir que a gente cuide", lamenta.
Polícia investiga
A delegacia do meio ambiente da Polícia Civil abriu inquérito para apurar o desaparecimento e as mortes dos cães e não descarta a possibilidade de morte proposital. "Até agora a única coisa que nos faz pensar que foi uma morte proposital é a quantidade de cães, mas com ausência de perícia a gente não pode definir se foi uma morte natural ou houve uma autoria", explicou o delegado titular Waldir Freire.
Ele explica ainda que, dos cinco corpos encontrados, apenas de um foi possível coletar amostras para exame de necropsia e toxicológico, pois os demais estavam em avançado estado de decomposição.
A polícia já ouviu o prefeito do Campus, integrantes do grupo de protetores e inclusive seguranças da empresa particular que atua na universidade, que foram desligados do trabalho. Também foram requisitadas imagens do circuito de monitoramento para as investigações.
A Universidade Federal do Pará lamentou as ocorrências de morte dos cães, por meio de nota, informou que está tomando as providências para identificar os responsáveis pela conduta criminosa e espera contar com o apoio da comunidade para encontrar provas que contribuam com as investigações.
A instituição disponibilizou um canal de denúncias que pode ser presencial, na Diretoria de Segurança; ou online e de forma anônima na ouvidoria no endereço: http://www.ouvidoria.ufpa.br/
O grupo de voluntários espera que o caso seja solucionado para a segurança dos animais que vivem na universidade. "Quando o cachorrinho foi morto no Carrefour, houve toda uma comoção. Gostaria que todo mundo também se sensibilizasse com os nossos peludinhos da UFPA", desabafa.
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