Motorista soltou direção e pulou do ônibus, conta sobrevivente de acidente
A cuidadora de idosos Eliane Cavalcante Guerra, 55, estava no ônibus que fazia o trajeto de Mata Grande (AL) a São Paulo e caiu de um viaduto na BR-381, em João Monlevade (MG), na tarde de ontem. Ao todo, 18 pessoas morreram e 23 ficaram feridas, muitas em estado grave.
Para ela, o motorista deveria ter seguido no ônibus para tentar controlá-lo, em vez de deixar o veículo. "Qual era a dele? Ter controlado o carro, mas ele soltou e pulou. Aí o ônibus saiu descendo e caiu na ponte", afirma, em entrevista ao UOL. Eliane disse que percebeu quando o motorista fugiu, logo após deixar o ônibus e ver o veículo se acidentar.
Segundo o seu relato, ela conseguiu pular do ônibus ao perceber que ele estava sem controle, instantes antes da queda de uma altura aproximada de 35 metros, segundo informação da Polícia Civil de Minas Gerais, no viaduto conhecido como Ponte Torta.
"O motorista estava em alta velocidade e, de repente, ele diminuiu a velocidade e começou a desviar dos outros veículos. Vi que ele entrou na contramão desviando dos carros. Antes de chegar na ponte, ele bateu no retrovisor de um caminhão, e isso amorteceu um pouco a velocidade. Mas quando chegou ao meio da ponte, ele diminuiu a velocidade. Eu abri a porta e pulei. Antes da queda pularam umas oito pessoas, eu fui a segunda a pular."
A passageira conta ainda que o motorista não fez qualquer alerta aos passageiros até o momento em que ela deixou o veículo. "Ele não avisou nada, não ouvi pedir para ninguém pular."
Eliane foi levada a um hospital em João Monlevade (MG), onde recebeu atendimento médico e foi liberada. "Só estou agora com dor no corpo. Quando pulei, caí sentada no asfalto, não tive ferimentos. O problema que tive foi só a pressão, que subiu", diz.
À noite, ela prestou depoimento na delegacia da cidade. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais. O motorista, que não teve o nome revelado, está sendo procurado.
Viagem para visitar família
Eliane estava em Mata Grande desde o dia 2 de novembro e comprou passagem para voltar ontem a São Paulo, onde mora e trabalha. Na cidade sertaneja em Alagoas ela tem familiares.
Segundo a cuidadora de idosos, a empresa dona do ônibus é de propriedade de um morador conhecido na comunidade Santa Cruz do Deserto, onde ela embarcou às 11h de ontem.
"Eu já tinha viajado muito com a empresa, faz 11 anos que faço esse trajeto com eles. Esse motorista eu nunca tinha visto. Mas o dono da empresa é uma ótima pessoa, é muito responsável", relata.
Na opinião da passageira, o ônibus aparentava estar em bom estado de conservação. "Estava todo mundo sentado, tinha cinto de segurança, ar condicionado. O ônibus era bom. Eu acho que faltou freio. Se o motorista tivesse tentado controlar, amortecido um pouco a velocidade, tinha chegado até o final da ponte e o ônibus parava."
Logo depois de pular, ela lembra ter visto o ônibus em chamas. "Não cheguei a ver de perto, fiquei muito em pânico", diz.
A passageira relatou ainda que as autoridades em Minas Gerais estão dando todo o suporte e que a empresa está enviando representante para apoiar as vítimas e parentes dos mortos. "Eu só quero agora ir para minha casa", finaliza.
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