Em áudio, juíza assassinada disse que ex-marido extorquia dinheiro dela
Meses antes de ser assassinada pelo ex-marido, o engenheiro Paulo José Arronenzi, a juíza Viviane Vieira do Amaral relatou em áudios enviados a uma amiga que tinha medo dos "desvios de comportamento" dele e que o ex-companheiro extorquia dinheiro dela.
Nas mensagens, divulgadas pelo jornal O Globo, Viviane conta que, depois da separação, Arronenzi a pressionava para que ela desse dinheiro a ele. "Eu achava que depois do divórcio, se eu desse tudo do jeito que ele tava querendo, tudo ia acabar. Mas não, piorou", diz a juíza em um dos áudios.
Viviane foi assassinada pelo engenheiro a facadas, na frente das três filhas do casal, na véspera do Natal deste ano. Ontem, o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou Arronenzi por homicídio quintuplamente qualificado. A polícia acredita que o crime foi premeditado.
Em uma das mensagens, Viviane diz: "Eu morro de medo dele, sempre fiquei pianinho com medo das alterações dele, dos desvios de comportamento, das violências que ele fazia".
"Ele batia porta o tempo inteiro, atos de grande violência. E eu sempre botando na conta, que depois ele vinha pedir perdão, dizendo que estava nervoso porque estava desempregado, ou porque o pai estava doente, ou porque estava longe da família", relata a juíza.
Nas mensagens, Viviane também classifica o ex-marido como "um sedutor" e diz que ele tentava manipular as filhas do casal. "[E eu] sempre tentando fazer dar certo. Eu jurava que daria certo. Mas eu sempre coloquei na minha cabeça um limite. O dia que ele me machucasse fisicamente isso ia acabar".
Em outro áudio, a juíza conta que decidiu se separar de Arronenzi quando, ao brigar com uma das filhas, o engenheiro jogou um copo no chão e um pedaço de caco de vidro acabou cortando a menina. "Quando ele machucou a minha filha, chegou ao limite", disse Viviane.
A juíza também relata que, após a separação, Arronenzi "ficava me achacando". "Já fiz vários depósitos pra ele. Fica me pedindo dinheiro disso, daquilo. Quando eu vi, já tinha depositado pra ele mais do que ele me deu de pensão esse mês", afirmou.
Segundo o jornal O Globo, as mensagens foram entregues à Delegacia de Homicídios por parentes da juíza e integram o inquérito contra Arronenzi.
No último domingo (27), a Justiça do Rio bloqueou R$ 640 mil das contas de Arronenzi. O entendimento para justificar o bloqueio foi de que, por ter cidadania italiana, o assassino poderia, mesmo preso, transferir dinheiro para o país europeu por meio de terceiros.
As três filhas do casal estão agora sob a guarda da avó materna.
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