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Baile funk clandestino reúne 10 mil pessoas no ES; homem é baleado

O baile do Mandela teve muita música alta, ostentação de armas de fogo e também uso de drogas - Reprodução
O baile do Mandela teve muita música alta, ostentação de armas de fogo e também uso de drogas Imagem: Reprodução

Vinícius Rangel

Colaboração para o UOL, em Vitória

01/01/2021 16h41

A realização de um baile funk clandestino na comunidade de São Benedito, em Vitória, no Espírito Santo, reuniu cerca de 10 mil pessoas, de acordo com informações de policiais militares que trabalham na região. A festa acabou com um homem baleado nas costas hoje pela manhã.

O baile do Mandela, como é conhecido, teve muita música alta, ostentação de armas de fogo e também uso de drogas, segundo a reportagem apurou. A festa acabou por volta das 7h.

Um PM que atua na região contou que o evento já havia sido anunciado um dia antes nas redes sociais, só que não esperava um grande número de frequentadores.

"Tinha gente subindo das 19h de quinta-feira até as 3h de hoje. Era muita gente mesmo. De moto ou a pé, porque carro não podia entrar. Eles fizeram uma barricada para impedir a entrada de veículos maiores. O fluxo de gente era gigantesco", disse o policial que preferiu não ser identificado.

Ainda segundo o policial, o Morro São Benedito foi fechado por ordem do tráfico. No local, existe um posto da Polícia Militar que não inibiu a ação criminosa.

"Era gente andando de moto sem capacete, muita droga e muita arma. A gente copiou os rádios comunicadores deles [criminosos]. Eles ordenaram uma barricada na frente do posto policial. Lá só ficam dois policiais. A situação foi feia durante toda a madrugada. Eles fecharam o morro, pintaram e bordaram", contou o PM.

Em nota, a Polícia Militar informou que "militares faziam patrulhamento no bairro São Benedito, em Vitória, quando se depararam com uma festa clandestina. Durante a tentativa de contato para pedir que a festa acabasse, algumas pessoas lançaram garrafas e pedras contra a guarnição que revidou a injusta agressão utilizando equipamentos não letais. A multidão se dispersou e a ocorrência foi finalizada".

Vitória foi classificada no mapa da covid-19 do governo estadual como risco moderado para contaminação. Com isso, bares e restaurantes podem funcionar até as 22h e aos domingos as atividades encerram às 16h. Eventos sociais podem acontecer também com medidas restritivas e no máximo 300 podem participar.

Policial afirma que não houve ação da PM

O militar ouvido pelo UOL, revelou que não houve nenhuma ação da polícia na comunidade.

"Mesmo sabendo anteriormente, porque todo mundo sabia, nenhum comandante, ninguém se programou para conter o baile. Não tinha equipe programada para acabar com o baile antes mesmo de começar", disse o policial.

A PM foi questionada sobre a falta de ações na comunidade, mas negou. Disse que houve intervenção às 1h40. "Se, posteriormente, o baile foi reiniciado em outro local, não houve acionamento posterior", finalizou o órgão em nota.

Moradores afirmam que o baile só acabou às 7h, mesmo com toda a confusão na festa.

"Isso é rotina aqui no morro. Todo mundo já sabe que essa festa já acontece há anos e ninguém faz nada. A gente fica refém desses criminosos. Ou a gente aceita ou somos expulsos daqui. Ninguém tem coragem pra falar", disse uma auxiliar administrativo de 34 anos que mora na região.

Morador é baleado nas costas

A situação piorou no início da manhã de hoje, quando ocorreu uma grande confusão e houve disparo de arma de fogo. Um homem foi baleado nas costas. Em nota, a PM informou que ficou sabendo da ocorrência depois que o funcionário de um hospital particular avisou a polícia sobre a vítima.

"Os militares foram ao local e entraram em contato com a esposa da vítima. Ela relatou que eles estavam em uma festa clandestina no bairro São Benedito, em Vitória, na madrugada desta sexta-feira, quando seu marido entrou em uma briga e acabou sendo alvejado" disse em nota a corporação.

A identidade da vítima não foi divulgada. A Polícia Civil disse que o fato será investigado por meio da DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Vitória e, até o momento, nenhum suspeito de cometer o crime foi detido.

"Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada. A PCES [Polícia Cívil do Espírito Santo] destaca que a população pode auxiliar na investigação por meio do telefone 181. O Disque-Denúncia é uma ferramenta segura, onde não é necessário se identificar para denunciar. Todas as informações recebidas são investigadas", disse a polícia em nota.

O morro é o mesmo em que no mês de junho do ano passado, traficantes fecharam ruas e impediram policiais de chegarem ao trabalho.

Prefeitura diz que atua no combate às festas clandestinas

A Secretaria de Segurança Urbana de Vitória afirmou, também por meio de uma nota, que atua com um Comitê de Manutenção da Ordem Pública, composto pelas secretarias municipais e a Guarda Municipal em apoio ao trabalho da Polícia Militar, que atua de forma planejada para coibir excessos em qualquer tipo de evento clandestino realizado em espaço público ou privado, gratuito ou pago.