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Um ano depois, família ainda busca respostas para caso de jovem morta em SP

Corpo de Miloane Corrêa foi encontrado em um canavial em janeiro de 2020 - Arquivo Pessoal
Corpo de Miloane Corrêa foi encontrado em um canavial em janeiro de 2020 Imagem: Arquivo Pessoal

Felipe de Souza

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

11/01/2021 10h14Atualizada em 11/01/2021 13h01

A família de uma jovem encontrada morta em 2020 em um canavial na cidade de Dourado (SP) cobra explicações e afirma que, um ano depois do crime, nem o laudo médico com a causa oficial da morte da garota foi entregue.

Miloane Corrêa tinha 21 anos, e o corpo foi localizado pelos pais em uma estrada de terra que liga Dourado a São Carlos (a aproximadamente 250 km de São Paulo) em 11 de janeiro do ano passado, após dois dias desaparecida.

Na época, um amigo de Miloane, que estava com ele, disse que usou drogas com a jovem quando o veículo onde estavam atolou. Ele, então, teria pedido para que a jovem não deixasse o veículo enquanto ele buscava ajuda. Segundo ele, quando voltou, não a encontrou mais.

A mãe, Meire Corrêa, contou ao UOL que desde o dia em que o corpo da filha foi encontrado, os familiares fazem peregrinação para investigar por conta própria o que teria acontecido, já que não acreditam que a hipótese inicial apontada pela Polícia Civil — de que ela teria sofrido uma overdose — seja real.

"Quando nós encontramos o corpo, ela estava com várias marcas roxas pelo corpo. Ela pode ter sido espancada", afirma.

A mãe, o irmão e alguns amigos gravaram dezenas de vídeos no local para mostrar que, supostamente, Miloane havia sido morta e deixada lá.

O celular do amigo chegou a ser apreendido, mas não houve nenhuma informação se havia alguma informação relevante que pudesse esclarecer o crime.

"Eu não tenho nem o laudo do Instituto Médico Legal que mostra do que a minha filha morreu de fato. Na época falaram que foi overdose e ficou por isso mesmo. Cobro diariamente essa resposta, e nada", lamenta a mãe.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informou que o caso foi relatado à Justiça em agosto do ano passado.

"O judiciário fez um pedido complementar que foi cumprido e entregue no mês seguinte, não retornando para novas diligências", completou, em nota encaminhada ao UOL.

Dúvida persiste

"É muito difícil isso. Minha filha foi enterrada, mas eu não sei o que aconteceu. E se alguém a matou, está solto por aí. Estou exausta", desabafa Meire.

A dona de casa já havia dito que Miloane estava tentando sair do vício de drogas, mas que, depois que a suspeita inicial foi divulgada, ela tem a sensação de já ter passado por um "julgamento".

"Cansei de ler comentários falando que minha filha era uma drogada, que merecia morrer. Cheguei a ficar um tempo sem ver as redes sociais, porque aquilo doeu demais. Não vamos esconder o fato de ela ter usado drogas, mas não foi uma overdose que a matou. Tenho certeza disso", argumenta.

Miloane largou os estudos no 3º ano do Ensino Médio e planejava, no ano passado, fazer um curso supletivo para depois entrar em uma faculdade. Estava indecisa sobre o que gostaria de estudar, mas, como gostava de animais, estava mais inclinada à medicina veterinária.

A jovem vivia com o pai, mas sempre visitava a mãe. "Tudo sempre foi tranquilo por aqui. Quando ela vinha para minha casa, era uma festa. Sempre conversando sobre tudo, se divertindo", conta Meire.

Miloane tinha um filho, de um ano e seis meses, de um relacionamento anterior. A criança, que tem um problema de saúde, está aos cuidados da avó paterna.

Hoje, o pai, João Corrêa, publicou nas redes sociais uma homenagem à filha. "Que sua alma esteja nos braços de Jesus. Quem fez isso com você pode até estar livre, mas a conta chega, porque a justiça de Deus não falha", disse.

Meire procurou até o Ministério Público. Ela disse que um promotor chegou a cogitar uma exumação do corpo para ter um laudo conclusivo. A reportagem aguarda uma resposta do órgão para saber o andamento da representação.