Com a mãe internada em Belém, professora pensa em se mudar do Amazonas
Após ter toda a família contaminada pelo novo coronavírus em Parintins (AM) e a mãe intubada, Franciane Almeida, 29, agora pensa em se mudar do Amazonas. A professora acompanha a mãe, transferida para o Hospital de Campanha do Hangar, em Belém. "Já pensei até em trazer eles para cá, onde a situação está mais controlada. Minha família com meus filhos, meu marido. Temos uma casa lá, mas esse negócio dessa doença, a gente não sabe como vai ficar", afirmou.
A agente de saúde Adailza Almeida, 54 anos, foi uma das primeiras pacientes levadas para a capital paraense após o colapso no sistema de saúde e a falta de oxigênio no Amazonas. Ela e outra paciente chegaram a Belém ontem à tarde. Hoje, o governo do Amazonas informou que mais dois foram transferidos para outro hospital na capital paraense.
A filha conta que a doença evoluiu rapidamente. "Ela começou a sentir os sintomas no dia primeiro de janeiro. No começo era só uma tosse, dor no corpo e ela dizia que era gripe, daí viajou para Costa da Águia. Quando ligou já estava passando mal e a ambulância foi buscar ela lá". Costa da Águia é uma comunidade no interior de Parintins onde Adailza trabalha.
Almeida estava internada no hospital Jofre Cohen. Segundo a filha, ela foi intubada no dia 13 e, apesar de não ter faltado oxigênio no hospital, Franciane disse que a situação era angustiante. "O clima está tenso lá."
Família toda teve covid-19
Toda a família de Franciane teve covid- 19, diz ela, sendo que apenas a mãe evoluiu para a forma grave da doença. Na casa dos pais da professora vivem sete pessoas, sendo mãe, pai e dois filhos, um casado, com um filho e um com a esposa.
Franciane suspeita que seu irmão mais novo, de 22 anos, tenha transmitido a doença para todos. "Ele saía sempre para jogar bola. Um dia me ligou dizendo que não estava sentindo o gosto das coisas. Na hora nem me atentei", contou. O pai ainda se recupera da doença em casa.
Na casa dela, o marido e os dois filhos também tiveram a doença. "Só eu que fiquei mal. Como meu marido estava todo tempo comigo, foi fazer o teste mas deu até que já tinha tido."
Acolhimento
Familiares dos pacientes que estão sendo transferidos para Belém estão vindo com recursos próprios. Por isso a Comissão de Relações Internacionais da OAB/ Pará organizou uma campanha para arrecadar recursos para custear a estadia e alimentação deles.
"Estamos arrecadando para a locação de um imóvel, inicialmente para abrigar duas pessoas, que vieram com os primeiros pacientes, pelo período de dez dias, e também para a alimentação delas. Já encontramos um próximo ao Hangar para facilitar o deslocamento e não haver necessidade de transporte", explicou Samuel Medeiros, presidente da Comissão.
O valor inicial do aluguel do apartamento está estimado em R$ 821, pelas dez diárias. Mas, de acordo com Medeiros, deve haver necessidade de mais recursos dependendo de quantos pacientes serão transferidos para o Hospital de Campanha de Belém. "Ainda não temos ideia do tamanho da ajuda humanitária que vamos precisar. Não sabemos também se será possível a vinda de mais acompanhantes e quantos serão", disse.
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