PM suspeito de disparo que matou criança é preso; mãe implorou por socorro
O policial militar suspeito de ter efetuado o disparo que atingiu e matou a menina Ana Clara Machado, de cinco anos, na manhã de ontem, em Niterói, foi preso em flagrante. Sua identidade não foi revelada pelas autoridades.
A DHNSG (Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí), responsável pelas investigações, informou que a prisão ocorreu após constatar contradições entre as declarações dos policiais militares envolvidos na ocorrência e das demais testemunhas. Houve contradição também entre os relatos e as informações colhidas pela perícia realizada no local.
"A DHNSG irá finalizar os procedimentos de praxe e encaminhar o policial para o BEPE (Unidade Prisional da PM)", comunicou a delegacia.
Ana Clara estava no portão de casa, na comunidade Monan Pequeno, em Pendotiba, quando foi atingida na manhã de ontem. Ela chegou a ser socorrida pelos policiais para o Hospital Estadual Azevedo Lima, foi atendida, mas não resistiu.
A mãe da menina, Cristiane Gomes da Silva, acusou a PM pelo disparo que matou a criança. Ela contou que precisou implorar para que os policiais socorressem a menina.
"Ela tinha acabado de acordar e tomou um tiro. Foram dois tiros. Precisei implorar, insistir para que eles socorressem a minha filha. Ela estava agonizando. O policial não queria pegar ela. Ela perdeu muito sangue. Depois de alguns minutos, o outro policial disse para o colega dele: 'pega a menina, você fez besteira'. Nisso perdemos alguns minutos", disse a mãe da criança ao UOL.
Procurada, a PM informou que policiais do Batalhão de Niterói estavam em patrulhamento na Estrada Monan Pequeno quando foram surpreendidos por cinco homens armados que efetuaram disparos contra a equipe. Os policiais revidaram e os suspeitos fugiram para a região mais alta no interior na comunidade e não foram encontrados.
Segundo a corporação, posteriormente, "a equipe policial deparou-se com pessoas pedindo socorro para uma criança ferida. Os policiais imediatamente socorreram a vítima ao Hospital Estadual Azevedo Lima", informou a corporação através de nota.
A família afirma que não havia confronto na região.
"Eu falei na viatura, indo para o hospital, que eles mataram a minha filha. Minha filha me olhou no carro, se despediu de mim, eu acho. Ela tentou, mas não deu. Eles acabaram com a minha vida. Não tinha nada acontecendo lá para eles atirarem desse jeito", disse a mãe da criança.
O Batalhão de Niterói, responsável pelo patrulhamento na área, informou que recolheu as armas dos policiais. "Um procedimento apuratório interno também será instaurado pelo batalhão."
Já a Polícia Civil do Rio informou que a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG) que as armas dos policiais apreendidas passarão por exames de confronto balístico.
"Os agentes realizam diligências em busca de elementos informativos que ajudem a identificar a origem do disparo que atingiu a vítima, a existência realmente de confronto no local e quaisquer outros que sirvam para o esclarecimento dos fatos"
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