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Moradora morre atingida por bala perdida em operação na zona norte do Rio

Luana da Silva Pereira, 28, foi baleada no Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook
Luana da Silva Pereira, 28, foi baleada no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

04/03/2021 11h34Atualizada em 04/03/2021 13h57

Uma mulher foi vítima de bala perdida durante uma operação na manhã de hoje em Parada de Lucas, na zona norte do Rio de Janeiro. Luana da Silva Pereira, 28, foi baleada na cabeça enquanto tentava se proteger da troca de tiros entre traficantes e policiais civis. Por causa do confronto na região, parte da operação da Supervia, que administra os trens, foi temporariamente suspensa.

Uma moradora da comunidade, que pediu para não ter o nome divulgado, conta que a ação da Polícia Civil foi truculenta. "Eles [policiais] entraram de maneira muito agressiva, ameaçando moradores, atirando a esmo. As casas estão sendo invadidas. Os moradores estão com medo, desesperados. Essa menina [que morreu] nada tinha a ver com a operação, não tinha qualquer envolvimento com o tráfico e acabou sendo atingida. A gente vive numa cidade que quem era pra defender são os que impõe o medo".

Um amigo de Luana Pereira conversou com o UOL e pediu para ser identificado apenas como Fábio. Ele disse que Luana saía de casa para trabalhar quando foi baleada. "Ela era técnica de enfermagem e estava indo para o trabalho quando teve o tiroteio. Ela foi morta sem nenhum direito de socorro. Meu coração está destruído. Mais uma vez o pobre perde sua vida sem nem saber o motivo. Ela tinha uma filha pequena, que Deus cuide dela, elas eram muito coladas."

Uma outra conhecida de Luana lamentou a morte da amiga que conhecia havia mais de 10 anos. "Eu não estou acreditando. A Lu era uma amiga querida, ajudava na comunidade fazendo trabalhos sociais. A gente se conhecia há anos e agora não sei como vai ser. A alegria dela, o coração bom, vai fazer muita falta. Não sei nem o que pensar", disse Karine Silva, 29.

Por causa da morte da técnica de enfermagem, moradores fecharam algumas ruas da região, entre elas a Bulhões Marcial, uma das principais, ateando fogo em pneus e em pedaços de madeira. A Polícia Militar foi acionada e interrompeu a manifestação.

Procurada, a Polícia Civil disse que "apesar do forte confronto, é garantido que o tiro que atingiu a moradora foi disparado por traficantes. Afinal, a mulher estava em uma posição que a deixava protegida dos disparos dos policiais por um muro, mas ficava exposta aos tiros dos traficantes". Uma perícia será realizada no local e o caso agora está sob investigação da Delegacia de Homicídios da Capital.

Ainda de acordo com a polícia, a operação foi realizada atendendo a pedidos da SuperVia que denunciou a movimentação de traficantes que tentavam montar uma boca de fumo em uma estação.

Mortes no Rio

De acordo com a plataforma Fogo Cruzado, só neste ano, 19 pessoas já foram atingidas por bala perdida no Grande Rio. Nove morreram.

Ainda de acordo com o levantamento, no mesmo período de 2020, 48 pessoas haviam sido atingidas, sendo que oito morreram.

Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, negros são 74,4% dos mortos por violência e sete em cada dez que morrem por morte violenta no país é devido a arma de fogo.