Violinista toca no enterro de mãe que morreu de covid aos 46: 'Ela pediu'
O violinista Rafael Borges, de 20 anos, tocou o hino favorito da mãe durante o enterro dela, na segunda-feira (15), no Cemitério de Messianópolis, em Moiporá (GO). Selma Maria Borges morreu de parada cardiorrespiratória após complicações relacionadas à covid-19. Antes da internação, ela pediu que o filho tocasse seu hino predileto se ela não sobrevivesse.
As imagens, que viralizaram, misturam a melodia com o choro dos parentes mais próximos de Selma. De acordo com o filho Rafael, "a sensação de uma pedra na garganta" o calou quando ele ia pedir para ninguém filmasse a homenagem e sua única reação "foi levantar o violino e tocar".
A canção "Que Bela Herança" era o hino favorito de Selma. Em momento de reflexão e apreciação à música, antes de contrair a covid-19, a mulher pediu para que o filho tocasse a canção em seu sepultamento. Ela morreu na noite de domingo (14).
Selma testou positivo para o novo coronavírus no dia 6 de março, um dia após o marido, Antônio José de Oliveira, de 49 anos, saber que tinha a doença. Por conselho dos filhos, foi ao posto de saúde e começou a ser medicada. Oliveira, agora viúvo, tem estado de saúde estável, mas a esposa não resistiu.
"Ela estava boa. Se cuidando em casa, tomando remédios. Na quinta-feira (11), começou a se sentir mal, a saturação foi a 85%. Esperamos passar a noite e fomos ao hospital no dia seguinte", conta a filha Natália Borges de Oliveira, de 23 anos, que também testou positivo, mas teve poucos sintomas.
A família foi informada que não havia leitos disponíveis no Hospital Regional de São Luís de Montes Belos, restando apenas uma sala de emergência adaptada para abrigar a mulher. "Eu e meu irmão revezávamos para ficar com ela, mas, quando abriu um leito, ela precisou ser isolada. Eu queria ficar com ela", relata Natália, que diz a mãe foi intubada "para que o pulmão descansasse" logo após ir para o quarto.
"A expectativa era boa, ela tinha melhorado. Mas na segunda-feira (15), recebemos a ligação do hospital informando que ela havia piorado", disse a filha. A saturação de Selma chegou à casa dos 40%, ocasionando em uma parada cardiorrespiratória, seguida pelo óbito.
"Estávamos todos otimistas, achamos que meu pai que ia ficar pior, e foi tudo muito rápido, difícil de acreditar, ele piorou dentro de uns quatro dias, foi tudo rápido", disse Rafael, o filho violinista.
Desacreditei da doença, mas vi com meus próprios olhos
O jovem, que vive da música, diz que desacreditava do potencial da doença, mas que agora sua opinião mudou. Ele alerta para que as pessoas se cuidem. "Eu já cheguei a duvidar da fatalidade dessa doença, mas eu vi com meus próprios olhos que essa doença mata, ela é fatal, é algo que ninguém entende, ninguém descobriu. Ela simplesmente teve uma crise de tosse, então não brinquem! Usem máscara, usem álcool em gel", alerta o músico.
A filha também pede cuidado: "É uma doença muito traiçoeira, as pessoas têm que tomar muito cuidado, cada hora chega gente de um jeito, só quem está dentro sabe como é, é difícil. As pessoas precisam colocar a mão na consciência e pensar que isso vai acabar um dia. Só dão valor quando perdem alguém muito importante", diz Natália.
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