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Covid: corpos são deixados por horas no chão no DF, diz associação

Corpo de vítima de covid-19 em corredor de hospital no Distrito Federal - Arquivo pessoal
Corpo de vítima de covid-19 em corredor de hospital no Distrito Federal Imagem: Arquivo pessoal

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL, em Brasília

22/03/2021 18h57Atualizada em 22/03/2021 20h52

Em meio ao caos nos hospitais públicos do Distrito Federal, funcionários de funerárias denunciam que pacientes contaminados com o coronavírus que morreram estão sendo deixados nos corredores e no chão por horas, até a chegada do serviço de remoção.

Imagens feitas pelos servidores mostram os cadáveres ensacados, no chão do necrotério ou apenas cobertos por lençóis brancos. As imagens foram feitas no final de semana nos Hospitais Regionais de Ceilândia e do Guará, ambos a poucos quilômetros do centro.

Segundo a Associação das Funerárias do Distrito Federal, alguns cadáveres não estão sendo devidamente ensacados e identificados pelo hospital, por isso, os trabalhadores têm se recusado a removê-los.

A presidente da entidade, Tânia Batista, afirma que a categoria está correndo sérios riscos de contaminação. "Hoje há um número bem maior de cadáveres e aqueles que estão contaminados precisam ficar em um necrotério isolado. Só que muitos contêineres foram desativados e não tem espaço para todos os corpos. Quando a gente chega para recolher o corpo, alguns não estão identificados e nem ensacados", explica, em entrevista ao UOL.

Esse foi o problema que ocorreu, segundo a associação, com o cadáver de um homem de 45 anos que era obeso. Quando a equipe chegou para removê-lo, ele estava apenas enrolado em um lençol no corredor, sem qualquer identificação. Batista diz que o corpo ficou 24 horas em uma maca no corredor até o problema ser resolvido.

O secretário da Casa Civil do DF, Gustavo Rocha, afirmou hoje que se trata de um problema pontual. "O paciente pesava mais de 200 quilos. No momento em que a funerária foi buscá-lo, não tinha o invólucro grande o suficiente para colocá-lo. Por isso ele ficou mais tempo lá", explicou.

A Secretaria de Saúde do DF rebateu a declaração de Tânia Batista e negou que houve desativação dos contêineres. "Essa afirmação é absolutamente improcedente. A SES nunca desativou qualquer câmara mortuária (fria). As câmaras continuam funcionando nos hospitais da rede pública e atendendo as necessidades adequadamente", explicou o órgão.

Em relação aos cadáveres aguardando remoção no Hospital Regional do Guará, a secretaria afirmou que "segue o preconizado no protocolo específico de preparo e armazenamento dos corpos de vítimas de Covid-19". A pasta afirmou ainda que, quando não há espaço, os corpos não são deixados em contato direto com o chão, mas sim em cima de um tablado de madeira enquanto aguardam transição para o serviço funerário.

Pandemia no DF

Os hospitais do Distrito Federal operam com a capacidade máxima desde o início do mês — são ao todo 861 leitos de UTI exclusivos para covid-19, contando a rede privada, e todos eles estão ocupados. A lista de espera está com 423 pessoas. Cerca de 300 delas estão com covid-19.

O governador Ibaneis Rocha prometeu montar três hospitais de campanha na capital, mas a previsão de início do atendimento é só para 14 de abril.