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Médico de SP que tomou doses de duas vacinas por conta própria pagará multa

Oliveira Pereira da Silva Alexandre é médico em Assis e pagará R$ 15 mil após acordo com o MP - Reprodução/Youtube
Oliveira Pereira da Silva Alexandre é médico em Assis e pagará R$ 15 mil após acordo com o MP Imagem: Reprodução/Youtube

Daniel César

Colaboração para o UOL, em Pereira Barreto (SP)

26/03/2021 20h26

O médico Oliveira Pereira da Silva Alexandre, que confessou ter tomado duas doses diferentes de vacinas contra a covid-19 por conta própria, uma da Coronavac e outra a Oxford/AztraZeneca, vai pagar R$ 15 mil de multa pela iniciativa.

O médico, que atua em um hospital particular e também na rede pública na linha de frente do coronavírus da cidade de Assis (SP), a 450 km de São Paulo, fechou acordo com o Ministério Público para evitar ser processado por improbidade administrativa por conta de sua atitude.

A promotoria havia aberto inquérito dias após o caso ganhar repercussão. Caso fosse condenado, o médico poderia até ser demitido da administração pública, mas ele concordou em fazer um acordo a fim de não ir a julgamento.

No acordo, Oliveira concordou em assumir que cometeu uma ilegalidade ao tomar doses diferentes da vacina contra a covid-19 e irá pagar R$ 15 mil, valor que será revertido à Santa Casa de Misericórdia de Assis, tendo de utilizar a quantia no combate ao coronavírus.

Em sua página no Facebook, o médico gravou um vídeo hoje com sua neta, mas não comentou o julgamento. Ele falou sobre o trabalho de visitar pacientes com covid-19 durante o plantão e até se emocionou por conta do momento difícil que o município vem passando. "Toda vez que morria um paciente eu chorava muito. Em 36 anos de medicina eu nunca me acostumei com a morte", afirmou ele em trecho do vídeo.

Entenda o caso

Em fevereiro, o médico Oliveira Pereira da Silva Alexandre postou um vídeo no YouTube contando que decidiu, por conta própria se vacinar com a Coronavac e com a AztraZeneca.

"Então nós temos estatística que 49% da Coronavac seria eficiente contra os vírus. Então eu tomei, o governo deu e mandou, e quem pode manda, e quem tem juízo obedece. Porém, a nossa Unimed conseguiu a AstraZeneca que, até o momento, parece ser a melhor vacina. Agora tem a da Johnson & Johnson, que parece ser melhor, mais efetiva. Dose única com quase 100% de efetividade. Eu tomei a da AstraZeneca também com seis dias de diferença e graças a Deus não tive efeito colateral nenhum", explicou ele à época.

Na ocasião, a Secretaria de Saúde de Assis divulgou nota repudiando o ato.

"A atitude do médico nos causa indignação, pois ele usou de uma falha no sistema para receber a primeira dose de duas vacinas diferentes, o que não é recomendado nem pela Organização Mundial de Saúde e nem pelo Plano Nacional de Imunização. Um médico que recebe duas doses representa uma dose a menos para um cidadão. O Estado e a Prefeitura devem acioná-lo pelo que fez", informou à época a pasta.