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Decisão de vetar fiéis em missas é "razoável e de bom senso", diz dom Odilo

Dom Odilo Scherer celebrou missa sem público na Catedral da Sé, em São Paulo, no último domingo (4) - 4.abr.2021 - LucineyMartins/Reprodução/Facebook/arquisp
Dom Odilo Scherer celebrou missa sem público na Catedral da Sé, em São Paulo, no último domingo (4) Imagem: 4.abr.2021 - LucineyMartins/Reprodução/Facebook/arquisp

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

05/04/2021 16h56

A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes de vetar a realização de missas com público no estado de São Paulo foi considerada "razoável e de bom senso" pelo arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal Odilo Scherer. A manifestação de Mendes vem após a liberação da presença de fiéis em celebrações religiosas, dada pelo ministro Nunes Marques no sábado (3). O tema será julgado pelo plenário do STF na quarta (7).

Apesar da liberação, dom Odilo não permitiu a participação presencial de fiéis em missas nas igrejas da Arquidiocese de São Paulo no domingo (4). O mesmo, porém, não se viu no Santuário Nacional, ligado à Arquidiocese de Aparecida, no interior de São Paulo, que recebeu público na missa de Páscoa.

"Bem, é o estado das coisas como estavam. E nós estamos observando isso. E, no momento, não se pode pensar diversamente. Me parece a decisão razoável e de bom senso", disse o cardeal hoje ao UOL ao comentar a posição de Mendes.

Dom Odilo reafirmou que sua avaliação sobre barrar público nas missas "não depende de uma determinação do ministro ou do próprio Supremo para abrir ou fechar igreja". "Estamos colaborando com aquilo que nos parece razoável."

"Pode até piorar ainda"

Em um momento em que a pandemia continua batendo recordes de casos, internações e mortes, o cardeal prefere não projetar quando os fiéis poderão voltar às missas. "Enquanto está essa situação muito grave dentro da pandemia, temos que manter a atual posição, ajudando as pessoas a se manterem preservadas, não favorecendo ocasiões de contágio. Colaborando, dessa forma, para a preservação da saúde da população como um todo." Até agora, nem 10% da população foi vacinada.

Eu gostaria que [a retomada das missas presenciais] fosse amanhã já, mas, realisticamente, nós estamos no ponto mais crítico agora. Eventualmente, pode até piorar ainda.
Dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo

O cardeal evita criticar religiosos que promoveram celebrações com presença de público no domingo. Dom Odilo pontua que "o Brasil é enorme" e que cada arquidiocese, "localmente, tem suas competências para tomar suas decisões". "As situações não estão iguais em todo o Brasil. Isso explica por que talvez possa haver decisões diferentes."

"O possível neste momento"

Enquanto isso, ele disse que seguirá a recomendação do governo paulista contra "participação de fiéis em atos religiosos para se evitar aglomeração". As missas, porém, continuam a ser realizadas, mas acompanhadas de maneira virtual pelos fiéis. Dom Odilo diz entender que o cenário traz "uma ação incompleta da expressão da fé e da religiosidade", mas que é o "possível fazer neste momento". "As pessoas sentem falta disso e nós também."

Em meio ao debate sobre a presença ou não de fiéis, o cardeal ressalta que a religião vai além do individual, tendo "expressões comunitárias e sociais". "Nossas igrejas, paróquias têm numerosas obras de ajuda aos necessitados. Nosso apelo é que as pessoas continuem a colaborar para que possamos dar assistência aos pobres. A Igreja não é feita só de ações espirituais."

Dom Odilo ainda vê que a pandemia "não está, de maneira nenhuma, controlada". "Nem eu nem ninguém poderia imaginar que na Páscoa deste ano estaríamos como estivemos agora." Hoje, o cardeal diz que "só pode desejar" uma melhora da pandemia, sem arriscar previsões. "Espero que o Natal já seja ocasião para celebrar tranquilamente, com as igrejas cheias."