Topo

Missas de Páscoa descumprem protocolos sanitários determinados por STF

Missa de Páscoa na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro - João Gabriel Alves/Enquadrar/Estadão Conteúdo
Missa de Páscoa na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro Imagem: João Gabriel Alves/Enquadrar/Estadão Conteúdo

Juliana Arreguy

Do UOL, em São Paulo

04/04/2021 19h27

O STF (Supremo Tribunal Federal) liberou ontem celebrações religiosas com a presença do público desde que cumprissem determinadas medidas sanitárias contra a covid-19. No entanto, no primeiro dia da decisão em vigência, missas e cultos de Páscoa ignoraram alguns dos protocolos e tiveram fiéis aglomerados.

A decisão do ministro Nunes Marques afirma que as cerimônias podem ocorrer desde que o público corresponda a até 25% da capacidade máxima dos locais, fileiras e cadeiras sejam dispostas de formas alternadas, os fiéis usem máscaras e tenham a temperatura medida antes de entrar nos lugares, e também que as igrejas e templos sejam arejadas e tenham álcool em gel à disposição.

Embora a determinação seja judicial, a fiscalização cabe aos municípios — incluindo aqueles que haviam vetado cerimônias religiosas na atual fase da pandemia de covid-19.

A missa da manhã deste domingo (4) na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), teve a presença de cerca de 150 fiéis. Considerando a capacidade de 35 mil pessoas, o número é baixo. Mas o público foi disposto em bancos que não obedeciam a disposição de fileiras alternadas; na prática, as pessoas ficavam posicionadas próximas de quem estivesse à frente ou atrás.

Outra celebração, realizada na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, também apresentou proximidade física entre os fiéis e desrespeitou a orientação de saltar fileiras para que o público se mantivesse distante.

O UOL procurou as prefeituras de Aparecida e do Rio de Janeiro, além da Arquidiocese do Rio e o Santuário Nacional, para questionar sobre o descumprimento das medidas. Não houve retorno até a publicação deste texto, mas o espaço continua aberto caso queiram se posicionar.

aparecida - Reprodução/TV Aparecida - Reprodução/TV Aparecida
Missa de Páscoa na Basílica de Aparecida não cumpriu protocolo contra covid-19; fileiras não foram dispostas de forma alternada
Imagem: Reprodução/TV Aparecida

Arquidiocese de SP orienta missas sem público

Apesar da decisão do STF, o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, defendeu hoje (4) que as cerimônias permaneçam sem a presença dos fiéis independentemente de questões judiciais.

"A nossa recomendação durante o tempo da crise aguda da pandemia, de celebrar sem a presença do povo nas igrejas, não vem de uma proibição. A nossa posição vem da preocupação pela situação da pandemia, que está muito grave, com muitos doentes e mortos", declarou Dom Odilo em entrevista à rádio 9 de julho.

Ninguém deve pagar com a própria vida o descuido ou a negação dos riscos da pandemia."
Dom Odilo Scherer

Papa faz missa sem público

A missa de Páscoa do papa Francisco, na Basília São Pedro, foi restrita a apenas alguns cardeais e não teve presença do público. Preocupado com o avanço do coronavírus no mundo, o pontífice pediu pela vacinação em países mais pobres.

As cerimônias religiosas no Brasil haviam sido suspensas por decretos que buscam restringir a quantidade de pessoas nas ruas e reduzir o contágio da covid-19.

O país nunca apresentou números tão graves como agora. Março teve recorde de óbitos pelo coronavírus: 66.868 mortes, mais do que o dobro de julho de 2020, antigo pico da pandemia, com 32.912 óbitos.

Há superlotação nos hospitais, com leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em falta, e interrupção de enterros e cremações nos cemitérios.