'Só saio para levar o lixo', diz idosa resgatada de cárcere privado no RJ
Maria da Graça Souza Rodrigues, de 79 anos, resgatada ontem em condições análogas à escravidão, disse que só saía da casa da patroa para jogar o lixo. A idosa estava em cárcere privado dentro de uma casa em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro. Além da patroa e da idosa resgatada, a residência tinha 40 cachorros e 20 pombos.
"Eu não saio para lugar nenhum. Nenhum mesmo. Só saio para levar o lixo", disse Maria em uma gravação divulgada pelo RJ2, da TV Globo.
Dona Maria nasceu no Maranhão, mas se mudou para o Rio na década de 60 para trabalhar. Ao ser questionada por policiais sobre estar recebendo os diretos trabalhistas, a idosa disse que não sabe "onde é que ela [a patroa] 'tá' botando".
O delegado Antônio Ricardo explicou que quando a polícia chegou no imóvel a proprietária da residência, identificada como Teresinha da Silva Moraes, ficou muito nervosa e "dificultou toda a ação policial". Apesar disso, após os agentes entrarem no imóvel, dona Maria foi encontrada em "condições sub-humanas" e resgatada.
Na delegacia, dona Maria tomou banho, trocou de roupa, reencontrou a família que mora no Rio de Janeiro e aguarda a chegada de parentes do Maranhão para retornar à terra natal. "Ô, meu Deus, muito obrigada", disse a idosa em uma gravação ao lado de dois familiares.
Teresinha da Silva Moraes prestou depoimento na 43ª DP (Guaratiba) e responderá por cárcere privado, reduzir alguém a condição análoga à escravidão e maus-tratos aos animais.
Entenda o caso
Segundo o site da assessoria de comunicação da Polícia Civil, dona Maria era mantida em cárcere privado e foi encontrada ontem "debilitada, vestindo trapos e em meio a fezes de animais, que conviviam com ela no quintal" da propriedade.
A idosa teria sido achada, de acordo com a emissora, porque uma sobrinha, que estava procurando a tia há anos, tinha anotado um antigo endereço da dona Maria em Guaratiba. Com ajuda de um catálogo telefônico, a sobrinha ligou para um telefone da lista que estava no endereço que ela tinha e falou com a cozinheira Leandra Oliveira, que mora na rua da idosa. A vizinha avisou a polícia após fazer contato e ser informada pela idosa que ela não tinha permissão para sair da residência.
Ao ser abordada pelos policiais, Maria informou que não tinha a chave do imóvel e que era mantida no local por outra pessoa, que não a deixava sair e nem falar com ninguém.
A Polícia Civil declarou que também está apurando se a dona do imóvel se apropriava da aposentadoria de dona Maria.
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