Um vídeo mostra dois homens mortos no chão em um beco estreito, a uma distância de apenas 5 m entre os corpos. Em outro registro, ao menos seis policiais aparecem correndo por uma rua. Enquanto um helicóptero sobrevoa o local, é possível ouvir o som de tiros. Na rua, imagens feitas por uma moradora mostram duas granadas no chão.
Em meio a um cenário de guerra, moradores do Jacarezinho, na zona norte carioca, registram o clima de terror na operação policial mais letal do Rio, que deixou ao menos 25 mortos —entre eles, um policial civil atingido por um tiro na cabeça. A ação ocorre após o STF (Supremo Tribunal Federal) restringir operações durante a pandemia.
"Uma granada na Amaro Rangel [rua no Jacarezinho], ó! Não sabemos se está desativada ou não", diz uma moradora, ao mostrar o artefato explosivo no chão. "Essa eu acho que está estourada, hein?", responde uma vizinha, após as imagens mostrarem outro objeto no meio da rua.
No vídeo feito de uma laje no Jacarezinho —que registrou policiais, tiros e um helicóptero—, um homem comenta: "Olha aqui na rua, mané. O bagulho tá doido, rapaziada. Que Deus proteja a todos. As crianças, os trabalhadores. O bagulho tá sério, filho."
Em áudio encaminhado por um morador ao UOL, uma mulher que está no local diz: "O helicóptero voltou. E o clima tá tenso de novo, filho. Não vem pra cá agora, não."
Operação no Jacarezinho (RJ) deixa dezenas de mortos
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Fuga Homens pulam entre casas durante operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas na comunidade do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. A ação deixou dezenas de mortos
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Baleados Policiais carregam o corpo de supostamente um suspeito baleado durante operação contra traficantes de drogas no Jacarezinho, no Rio de Janeiro
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Apreensão de armas e drogas Grande apreensão de armas, drogas e munição é levada para a Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, nesta quinta-feira. A apreensão é resultado da operação realizada na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. A ação policial na favela do Jacarezinho deixou dezenas de mortos na manhã de hoje.
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Operação Policial durante a operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas no Jacarezinho, nesta quinta feira; um policial civil que participava da operação, chamado André Leonardo de Mello Frias, morreu após ser atingido na cabeça
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Policial durante operação contra o tráfico na comunidade do Jacarezinho, no Rio, que deixou dezenas de mortos
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Medo Pessoa aparentemente em situação de rua tenta se proteger durante a operação da Polícia Civil no Jacarezinho, que deixou dezenas de mortos e feriu passageiros que estavam em composições do metrô da cidade
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Mãe chora em frente a emergência de um hospital no RJ; operação deixou dezenas de mortos
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Parede perfurada de bala durante a operação policial na comunidade do Jacarezinho
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Protesto contra mortes Moradores protestam contra a operação da Polícia Civil que deixou dezenas de mortos na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro
Leia mais WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Imagens da operação mostraram ao menos dois atiradores armados com fuzis em um helicóptero da Polícia Civil. O uso de aeronaves como plataforma de tiro é criticado por especialistas e um dos pontos questionados na ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) 635, na qual a alta letalidade policial no Rio de Janeiro é debatida.
Durante a ação, a TV Globo mostrou criminosos pulando de laje em laje e invadindo casas de moradores para tentar fugir da polícia.
Denúncia de aliciamento de crianças para o tráfico
A comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Defensoria Pública estão na comunidade. A ação policial, que teve início na manhã de hoje, foi motivada por denúncias de aliciamento de crianças e adolescentes pelo Comando Vermelho, facção criminosa que domina o território.
Esses criminosos exploram práticas como o tráfico de drogas, roubo de cargas, roubos a transeuntes, homicídios e até sequestros de trens da Supervia.
A Operação Exceptis foi deflagrada a partir de denúncias de que criminosos estão expulsando moradores de suas casas. O grupo seria responsável também pelo assassinato de moradores e pelo sumiço dos corpos —21 criminosos foram identificados como os "responsáveis por garantir o domínio territorial da região com utilização de armas de fogo", informou a Polícia Civil.
Passageiros baleados no metrô
No começo da manhã, dois passageiros se feriram dentro de uma composição do metrô na região da estação Triagem em meio ao tiroteio. Um vídeo registrou gritos, choro e pessoas ensanguentadas no chão.
É possível ver um rapaz cobrindo um ferimento na testa. Um outro homem aparece nas imagens com sangue no braço direito, coberto por uma toalha. "Um médico, pelo amor de Deus!", grita uma passageira.
A concessionária do metrô informou que um passageiro foi baleado de raspão no braço e outro foi atingido por estilhaços de vidro.
Os feridos foram identificados como Humberto Duarte, 20, levado para o Souza Aguiar, e Raphael Silva, 33, socorrido no Hospital Salgado Filho. Segundo as unidades, Duarte tem estado de saúde estável, enquanto Silva saiu da unidade mesmo sem alta médica.
O metrô interrompeu a circulação do transporte na região até as 7h40. Já a SuperVia, concessionária responsável pelos trens, informou que suspendeu a circulação entre as estações Central do Brasil e Belford Roxo e também para Gramacho.
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