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Delegado vê 'investigações adiantadas' para capturar suspeito de matar gays

Do UOL, em São Paulo*

18/05/2021 19h39Atualizada em 18/05/2021 21h50

O delegado Thiago Nóbrega, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do Paraná, revelou hoje ao UOL News que a polícia avançou no trabalho para capturar o suspeito de cometer assassinatos em série de homens gays. O homem procurado foi identificado pela polícia como José Tiago Correia Soroka, de 32 anos.

"A gente está conseguindo, através das novas denúncias e do trabalho de inteligência, fechar o cerco. Estamos restringindo o perímetro, raio onde ele [José] possa estar circulando e a gente acredita que em breve vamos trazer boas notícias com a prisão desse cidadão."

Nóbrega detalhou que as investigações seguem em andamento, mas estão "adiantadas" em razão das diversas denúncias feitas pela população após a divulgação das fotos do suspeito de assassinar três homossexuais entre maio e abril deste ano. Dois ocorreram em Curitiba e um em Abelardo Luz, em Santa Catarina.

"As investigações estão adiantadas. A gente conseguiu diversas denúncias que estão apontando possíveis paradeiros e esconderijos desse suspeito. Estamos levantando todas as informações. Conseguimos identificar o local onde ele esteve até sexta-feira (14) agora. Conseguimos imagens deste local onde ele estava, porém, ele não se encontra nesse endereço, mas a gente está todo dia recebendo denúncias", declarou.

De acordo com o delegado, três vítimas viram as imagens do suspeito divulgadas pela polícia e "criaram coragem" para denunciar o homem por agressões. Nóbrega diz que a polícia acredita que "com o tempo, novas vítimas surgirão" e declarou que o suspeito já é classificado como um "serial killer".

"Conversamos com alguns conhecidos, familiares, ex-companheiras deste procurado e a gente conseguiu, de modo superficial, achar que ele deve possuir um distúrbio psiquiátrico, ele se enquadra como um psicopata. Ele também pode ser classificado como um serial killer. Perante a sociedade, [ele é] um indivíduo carismático, educado e gentil, porém se transformava em violento quando ingressava no apartamento das vítimas."

José Tiago Soroka é suspeito de matar homens gays em Curitiba e Abelardo Luz (SC) - Divulgação/Polícia Civil-PR - Divulgação/Polícia Civil-PR
José Tiago Soroka é suspeito de matar homens gays em Curitiba e Abelardo Luz (SC)
Imagem: Divulgação/Polícia Civil-PR

Homem escolhia vítimas em aplicativos

A investigação chegou ao suspeito após verificar semelhança entre as mortes do enfermeiro David Levisio, de 30 anos, e do acadêmico de medicina Marcos Vinício Bozzana da Fonseca, de 25 anos, em Curitiba. Os corpos foram encontrados em 30 de abril e 5 de maio, respectivamente.

A Polícia Civil do Paraná recebeu a informação de que um crime com a mesma característica ocorreu um mês antes, em 17 de março, em Abelardo Luz, contra o professor universitário Robson Paim, de 36 anos, da UFFS (Universidade Federal da Fronteira Sul).

O suspeito atacou novamente em 11 de maio contra outro homem, no bairro Bigorrilho, em Curitiba. Ele não conseguiu efetuar o assassinato porque a vítima conseguiu fugir e denunciá-lo.

"Ouvimos diversas testemunhas. Os porteiros dos prédios e motoristas de táxi que o levou até os locais acabaram reconhecendo a mesma pessoa. Levamos as imagens para a perícia, que confirmou por exames ser a mesma pessoa para os casos. Não se restaram mais dúvidas", diz o delegado.

José Tiago Soroka se apresentava às vítimas através de um aplicativo de namoro. Ele usava informações e fotos falsas. A conquista da confiança ocorrida após trocar fotos íntimas com os alvos dos crimes.

"Quando as vítimas os encontravam, sequer sabiam com quem se relacionaria", comentou o delegado.

O assassino em série tem mandado de prisão temporária expedido pela Justiça do Paraná em razão dos latrocínios e tentativa de homicídio. Ele tem passagens pela polícia por roubo, em 2015 e 2019, e está proibido de se aproximar de duas ex-esposas devido a medidas protetivas.

*Com informações de Abinoan Santiago, em colaboração para o UOL, em Florianópolis