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Um dia após ser encontrada, ossada de baleia desaparece em praia de SP

De ossada gigante encontrada, restaram apenas poucos ossos na praia - Reprodução/Arquivo Instituto Biopesca
De ossada gigante encontrada, restaram apenas poucos ossos na praia Imagem: Reprodução/Arquivo Instituto Biopesca

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

24/05/2021 22h06Atualizada em 24/05/2021 23h21

A ossada de uma baleia encontrada na última sexta-feira (21), em uma praia da Barra do Una, na Estação Ecológica Jureia Itatins, no litoral sul de São Paulo, desapareceu misteriosamente menos de 24 horas depois.

Informada por populares que avistaram e fotografaram o esqueleto de 4 metros de comprimento, a equipe do Instituto Biopesca, que se preparava para visitar o local, foi impedida de chegar à praia nas horas seguintes à descoberta por conta da ventania e das chuvas provocadas pela passagem de um ciclone extratropical.

No dia seguinte, sábado (22), a equipe entrou em contato com os gestores da estação ecológica para combinar a visita, mas os técnicos foram informados de que o esqueleto havia desaparecido do local, restando apenas duas vértebras e alguns ossos menores.

Os biólogos e veterinários do Instituto agora se preparam para verificar pessoalmente o que aconteceu no local, que é de difícil acesso e compreende uma sinuosa serra em estrada de terra. A averiguação deve acontecer entre amanhã e quarta-feira, dependendo das condições climáticas.

"Estamos trabalhando com algumas hipóteses para o que aconteceu", declarou ao UOL o coordenador geral do Instituto Biopesca, o médico veterinário Rodrigo Valle.

"A primeira é que a ossada pode ter sido parcialmente enterrada novamente, por conta do movimento da maré. A segunda, de que os ossos possam ter sido arrastados um a um para o mar, já que o esqueleto deveria já estar há um bom tempo ali e não possuía cartilagem ou tecido conectando esses ossos".

A terceira hipótese, explica o coordenador, é a de que pessoas (populares, turistas) que estiveram visitando a praia podem ter levado os ossos embora.

O instituto está investigando também as razões da ossada ter sido encontrada naquele ponto. Por enquanto, os técnicos avaliam que ela seja composta por restos de uma baleia que chegou à praia já sem vida, encalhando numa área próxima. Esse encalhe teria ocorrido em 2018 e, em decorrência da sua localização, não foi possível enterrá-la.

"A maré pode ter levado a carcaça e tê-la depositado no local em que a ossada foi encontrada", afirma Rodrigo. "Infelizmente, a ausência de material impossibilita a obtenção de informações a respeito do animal, como a espécie, por exemplo".

O encalhe de baleias ao longo do litoral paulista não um evento raro, principalmente no caso das jubarte. Isso porque, todos os anos, elas deixam águas mais frias, ao Sul, para enfrentar uma longa jornada em busca de águas mais quentes, no Nordeste, onde acasalam e se reproduzem.

"Nessa viagem, elas passam por Santa Catarina, Paraná, São Paulo e seguem até o litoral da Bahia. Geralmente, os encalhes costumam acontecer no litoral de São Paulo até agosto ou setembro, que é quando elas passam pelas nossas águas em direção ao Nordeste", concluiu o especialista.

O Instituto Biopesca

O Instituto Biopesca é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), uma atividade desenvolvida como condicionante para o licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

O projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos.

O programa é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. O Instituto Biopesca monitora o Trecho 8, compreendido entre Peruíbe e Praia Grande.