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Sob pandemia, morte de pedestres cai, mas motociclistas morrem mais em SP

26.mai.2021 - Trânsito na zona sul da capital de São Paulo - Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo
26.mai.2021 - Trânsito na zona sul da capital de São Paulo Imagem: Roberto Casimiro/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

27/05/2021 02h00Atualizada em 27/05/2021 13h06

O número de motociclistas mortos em acidentes de trânsito na capital paulista subiu 16% em 2020, se comparado com 2019. Nesse mesmo período, o número de pedestres que morreram nas ruas da cidade de São Paulo caiu 12%. Os dados constam do relatório anual de acidentes de trânsito da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Com 345 motoristas mortos em 2020, primeiro ano da pandemia do novo coronavírus, os motociclistas foram as principais vítimas. Em 2019, 297 trabalhadores foram mortos, segundo a CET.

Os motociclistas passaram a ser bem mais acionados com a pandemia devido ao isolamento social, principalmente quando autoridades decidem restringir a circulação de pessoas com o fechamento do comércio e liberando apenas o serviço de delivery para as lojas e restaurantes.

Para a CET, a alta de mortes da classe se explica por três fatores: tráfego em altas velocidades, desobediências das normas de trânsito e falta de experiência de novos motociclistas.

"A maior parte das ocorrências fatais com motociclistas aconteceu nos fins de semana, principalmente nas noites de sexta, sábado e domingo e nas madrugadas de sábado e domingo", diz a CET em nota. "Das 345 mortes de motociclistas, 153 ocorreram aos sábados e domingos", concluiu, ressaltando quase metade do total nesse período.

Já o presidente do Sindmoto-SP (Sindicato dos Motociclistas de São Paulo), Gil Almeida, diz que a culpa é do modelo de negócios dos aplicativos de entrega. "Eles não respeitam as leis trabalhistas nem as legislações voltadas para o trânsito, que regulamentam nossa atividade. Trabalhador deve ter curso, deve ter processo de regulamentação antes de ser colocado num trânsito pesado como o de São Paulo", disse ao UOL.

Números mais altos também se veem entre os ciclistas, que também estão nos serviços de entrega. A CET aponta que 37 ciclistas perderam a vida em 2020, enquanto, em 2019, foram 31.

Ao todo, afirma a CET, 809 pessoas morreram em acidentes de trânsito em 2020. O número representa um aumento de 2,2% na comparação com 2019, quando 791 pessoas morreram.

Queda na morte de pedestres

Já os números da morte de pedestres diminuíram de 359 em 2019 para 316 no ano passado. Apesar de ser o menor número de cidadãos mortos atropelados na série histórica, conforme divulga a CET, vale ressaltar que a pandemia impôs restrições de circulações na cidade, o que diminuiu o número de pessoas andando a pé nas ruas e avenidas paulistanas.

"Foram 308 [atropelamentos fatais] em 2020, enquanto 341 haviam sido registrados em 2019. O número total de atropelamentos (incluindo os fatais e não fatais), vale destacar, segue em queda contínua desde 2012. Naquele ano foram contabilizados 7.044 atropelamentos. Em 2020, foram 1.940 pessoas atropeladas. Uma redução de mais de 70% do total de atropelamentos no período", diz o órgão.

Os dados da CET foram levantados por meio dos boletins de ocorrência da Polícia Civil e das declarações de óbito da Secretaria Municipal da Saúde.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Em versão original desta reportagem, foi informado incorretamente o número de atropelamentos fatais em 2020. O texto foi corrigido com o dado correto, de 308 ocorrências.