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Advogado mandou matar a ex a tiros por disputa de bens no PR, diz polícia

Ana Paula, de 39 anos foi morta ao chegar em casa, em Curitiba - Reprodução
Ana Paula, de 39 anos foi morta ao chegar em casa, em Curitiba Imagem: Reprodução

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

24/06/2021 13h34

A Polícia Civil do Paraná prendeu hoje em Curitiba dois homens suspeitos de matar Ana Paula Campestrini, de 39 anos. Ela foi assassinada a tiro anteontem enquanto chegava ao condomínio onde morava com a namorada no bairro Santa Cândida.

Um dos presos é o ex-marido da vítima, o advogado Wagner Cardeal Oganauskas. Além dele, o outro é identificado como Marcos Antônio Ramon, que é amigo do ex-companheiro e apontado pela Polícia Civil como o atirador.

A DHPP (Delegacia de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa) apurou que o assassinato pode estar ligado à disputa de Ana Paula e Wagner travavam pela divisão de bens e guarda dos filhos depois do divórcio. Existem na Justiça cinco ações em varas de família envolvendo embates entre o ex-casal.

A banca de defesa dos suspeitos, Assad Advogados, informou que poderão se manifestar somente após os depoimentos dos clientes, previstos para ocorrer ao longo da tarde de hoje na delegacia.

"Eles têm depoimentos marcados para agora a tarde e antes disso precisamos estudar o caso. Só podemos falar após serem ouvidos", confirmou ao UOL o advogado Elias Assad.

Ex não deixava vítima ver os filhos

Ana Paula e Wagner permaneceram casados por 17 anos. Ambos tiveram três filhos, de 9, 11 e 17 anos. Os dois estavam separados há quatro anos.

Depois do divórcio, os filhos passaram a morar com o pai e, no dia do crime, Ana Paula se dirigiu a um clube onde os três praticavam esportes para tirar uma carteirinha para acessá-los na agremiação.

Prisão dos suspeitos aconteceu hoje, em Curitiba - Divulgação/Polícia Civil-PR - Divulgação/Polícia Civil-PR
Prisão dos suspeitos aconteceu hoje, em Curitiba
Imagem: Divulgação/Polícia Civil-PR

Segundo a DHPP, Ana Paula "estava muito feliz" com a possibilidade de vê-los no clube, que é presidido pelo ex-marido, pois testemunhas informaram que a vítima "era impedida de vê-los".

Antes de conseguir a entrada, de acordo com a Polícia Civil, Ana Paula via os filhos somente do outro lado da rua onde fica o clube. Ela, inclusive, teria enviado áudios e fotos da carteirinha aos parentes dizendo que estava feliz em poder acessar o espaço.

"O único problema que Ana Paula tinha era com o ex-marido por divisão de bens e guarda de filhos desde que a vítima pediu separação por revelar se homossexual e que gostaria de viver com outra mulher", frisou a delegada da DHPP, Camila Cecconello.

Após conseguir a permissão de acesso, no entanto, o diretor da agremiação, Marcos Antônio Ramon a seguiu até o condomínio onde ela morava e disparou 14 vezes.

"A vítima se dirigiu ao clube e assim que saiu foi perseguida por esse diretor. Através de provas, os suspeitos foram presos", ratificou a delegada.

A Polícia Civil chegou aos suspeitos após rastrear o caminho realizado pelo carro conduzido pela vítima na manhã do crime. A DHPP ainda não sabe se a execução do assassinato envolveu quantias em dinheiro.

O ex-marido deverá ser indiciado por feminicídio e o executor por homicídio com a qualificação de impossibilidade de chances de defesa à vítima.

Ana Paula Campestrini, de 39 anos, em meio a disputas com o marido - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Ana Paula Campestrini, de 39 anos, em meio a disputas com o marido
Imagem: Arquivo Pessoal

Justiça está sendo feita, diz namorada

Segundo a Polícia Civil, o ex-marido de Ana Paula "não recebeu muito bem" o divórcio em razão de a vítima querer viver um relacionamento homoafetivo.

Ao UOL, a namorada da vítima, a secretária Luana Melo, de 29 anos, disse que ambas se conheceram por um aplicativo de relacionamento e planejavam realizar vários sonhos.

"Queríamos reformar o sobrado onde moramos e que era dela, viajar no fim do ano para algum hotel para poder ter um pouco de paz, mas o maior sonho da Ana Paula era estar com os filhos. Ano que vem, ela também completaria 40 anos e tínhamos o sonho de ir para a Grécia", contou.

Para Luana, a prisão dos suspeitos gerou sentimento de alívio.

"Sinto alívio e que a Justiça está sendo feita. Acredito que a Ana vai receber a Justiça que merece."

O crime

O assassinato aconteceu na entrada de um condomínio no bairro Santa Cândida, em Curitiba, enquanto a mulher chegava ao estacionamento do residencial.

Imagens das câmeras de segurança flagraram o momento em que um homem de motocicleta vermelha para ao lado da janela do motorista, onde estava a vítima, e efetua diversos disparos, enquanto o portão se abre.

Nas imagens é possível ver que a vítima e o criminoso não trocam nenhuma palavra e a mulher nem chega a baixar os vidros do veículo.

Logo após os disparos, o homem foge sem levar nada do carro de Ana Paula. O socorro foi acionado, mas a mulher, que não levava passageiros, morreu ainda no local.

Segundo o Corpo de Bombeiros, foi possível verificar marcas de tiros no rosto, braço e tórax da vítima. A Polícia Civil informou que a arma usada seria uma pistola de calibre 9 milímetros. Foram contabilizados 14 estojos de balas pelo chão.