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Justiça volta atrás após soltar envolvido em megarroubo e vê que ele fugiu

 Envolvido em roubo de R$ 100 milhões, Wagner César de Almeida é considerado perigoso pela Justiça - Divugação/Polícia do Maranhão
Envolvido em roubo de R$ 100 milhões, Wagner César de Almeida é considerado perigoso pela Justiça Imagem: Divugação/Polícia do Maranhão

Rafael Souza

Colaboração para o UOL, em São Luís

25/06/2021 12h58

A Justiça determinou a soltura de Wagner César de Almeida, criminoso envolvido no assalto ao Banco do Brasil de Bacabal, em 2018, quando mais de R$ 100 milhões foram levados e um morador morreu. Dias depois, o desembargador voltou atrás na decisão, mas já era tarde. Wagner fugiu e agora é foragido da Justiça.

A determinação de soltar Wagner foi dada na segunda-feira (21), pelo desembargador José de Ribamar Fróz Sobrinho, da Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Maranhão, e atendeu a um pedido de habeas corpus.

O pedido da defesa relatava que o Wagner é do grupo de risco da covid-19 por ser hipertenso e, no dia 10 de junho, apresentou cansaço, dor torácica, febre e estava pouco comunicativo. Por isso, Sobrinho determinou a prisão domiciliar de Wagner, com monitoramento eletrônico.

No entanto, ontem o desembargador voltou atrás na própria decisão, declarando que chegou aos autos um ofício da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária indicando "processos criminais em trâmite em outros estados". O ofício também trazia um laudo médico atualizado informando que Wagner já tinha melhorado de saúde e poderia continuar o tratamento dentro da unidade penitenciária.

O desembargador decidiu voltar atrás e determinou o retorno de Wagner à penitenciária. Ainda ontem, policiais foram até um condomínio no bairro da Forquilha, em São Luís, onde Wagner estaria morando de aluguel.

"Foram feitas revistas em veículos e abordagens em motoqueiros que saíam do condomínio, também foi feito vigilância no perímetro próximo. A Polícia Civil adentrou o apartamento que o foragido teria alugado, mas não o encontrou. Agora ele é um foragido da Justiça", afirmou ao UOL o delegado Ederson Martins, superintendente de Investigações Criminais do Maranhão.

Wagner é considerado pela Polícia Civil como um criminoso perigoso, com processos em vários estados do país e membro de uma quadrilha que agia no chamado "Novo Cangaço", no qual criminosos aterrorizam municípios afastados das capitais para roubar agências bancárias utilizando explosivos.

No dia 25 de novembro de 2018, em Bacabal, a quadrilha montou uma operação com cerca de 30 homens equipados com armas de grosso calibre e explosivos. Segundo a polícia, o assalto foi comandado por José Francisco Lumes, o 'Zé de Lessa', que era o criminoso mais procurado da Bahia e foi morto em 2019 em uma ação da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul.

Em Bacabal, a quadrilha agiu durante a madrugada. Vários moradores foram feitos reféns e colocados dentro de veículos enquanto os criminosos atiravam contra a delegacia, a sede da PM, e explodiam a agência do Banco do Brasil. Cerca de R$ 100 milhões foram levados e colocados em caminhões.

Na fuga, veículos dos moradores foram queimados e houve troca de tiros com a polícia. Três suspeitos morreram, incluindo o irmão de 'Zé da Lessa', Edielson Francisco Lumes.Além deles, um morador de Bacabal, identificado como Cleones Araújo, morreu com um tiro de fuzil pelas costas. Segundo as investigações, ele passava próximo a uma barreira montada pela quadrilha e foi assassinado por não obedecer a uma ordem de parada.

Dias depois, parte da quadrilha foi presa, incluindo Wagner. No decorrer do processo contra ele, Wagner assumiu que era especialista em explosivos e foi o responsável por implantar dinamites na agência bancária. Depoimentos na fase de investigação também indicaram que ele obrigou um motorista a ajudar na fuga de parte do bando.

Em julho de 2020, Wagner e outros membros da quadrilha foram condenados pelos crimes de receptação, porte de arma de fogo de uso restrito, formação de organização criminosa, latrocínio, dentre outros crimes.Wagner recebeu a pena de 58 anos e nove meses de prisão na Penitenciária de Pedrinhas, em São Luís.