Mulher resgatada de trabalho análogo à escravidão conhece o mar: 'Livre'
Madalena Gordiano, resgatada de condições análogas à escravidão há oito meses em Patos de Minas (MG), comemorou pela primeira vez um aniversário ao completar 48 anos e também conheceu o mar na sexta-feira (9).
Em entrevista à TV Globo, Madalena, que viveu durante 38 anos prestando serviços à família Milagres Rigueira sem ser devidamente remunerada, conta agora se sente livre, com o coração limpo e pronta para viver tudo o que não viveu.
"Hoje sinto que tô bem, coração limpo, tô libertada, tô livre", disse Madalena após entrar no mar e experimentar um pouquinho da água oceânica: "É salgada, né?".
Ao UOL Entrevista, em janeiro desse ano, Madalena disse que até hoje chora quando se lembra das condições em que vivia na casa do professor Dalton César, que chegou a ser demitido da universidade onde trabalhava após o caso ganhar destaque.
"Eu não sinto mais nada. Não quero mais nada com eles. Não quero nem saber. A gente fica tão angustiada. O tanto que chorei. Tem hora que eu choro um pouquinho, as pessoas chegam perto de mim e eu começo a chorar. Mas isso está tirando a angústia. Eu choro muito. Nossa! Medo dos homens me seguirem, de sair, medo de morar sozinha. É difícil. Tenho medo de eles mandarem alguém para me perseguir. É medo", explicou.
À TV, a mulher que apagou as velas de um bolo de aniversário pela primeira vez em 48 anos, diz que diferente do que a ela era permitido pelos patrões, agora pode pintar as unhas de vermelho e ter cabelo grande.
Eu não podia fazer unha, passar esmalte vermelho. Hoje, passo qualquer esmalte. Hoje eu ponho vários cabelos. Eu tenho vários, tenho três cabelos."
"Como ela pulou toda essa etapa da primeira infância, ela não viveu adolescência, hoje passa por esse processo. Ela volta muitas vezes na infância, ora ela é adolescente, ora ela é adulta", explica a assistente social Thais Teófilo, à emissora.
Atualmente, Madalena vive em um abrigo e aguarda a indenização da Justiça em um processo que não possui prazo para conclusão.
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