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Policiais civis se vacinaram mais do que PMs no Brasil, diz estudo

Policial Militar recebe vacina contra a Covid-19, em São Paulo - Danilo Verpa - 5.abr.2021/Folhapress
Policial Militar recebe vacina contra a Covid-19, em São Paulo Imagem: Danilo Verpa - 5.abr.2021/Folhapress

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

16/07/2021 04h00

O número de policiais civis que foram tomar a primeira ou segunda dose de vacina contra a covid-19 é maior do que o número de policiais militares que se dispuseram a se imunizar no Brasil.

Essa é uma das conclusões presentes no 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, estruturado e divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública ontem.

Os dados do instituto apontam que, no Brasil, 80,3% (67.164) dos policiais civis tomaram a primeira dose de vacina e 29,6% (24.802), a segunda.

Em relação aos policiais militares, esse índice cai nos dois cenário: 64,9% (211.565) tomaram a primeira dose e 18,7% (60.816) tomaram a segunda.

Infografico Policiais Vacinados - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

O levantamento foi feito com base no cruzamento de dados do ministério da Saúde, do ministério da Justiça e Segurança Pública e com dados do próprio Fórum. Apenas o estado de São Paulo não enviou dados referentes às vacinas aplicadas nos agentes.

A intenção de vacinação entre policiais militares também é menor do que entre os civis. Segundo o estudo, 82,5% dos PMs brasileiros afirmam que querem se vacinar contra o novo coronavírus. No caso dos agentes civis, esse percentual é de 91%.

mortes de policiais em 2020 por raça - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Como explicação para a menor adesão dos militares à campanha de vacinação, a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, traça um paralelo entre a escolha por não se vacinar e a maior adesão de PMs ao bolsonarismo.

Uma pesquisa, noticiada pelo UOL, apontou que 41% dos PMs de baixa patente (soldados, cabos, sargentos e subtenentes) interagem com mais frequência com o grupo político do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A adesão foi menor de policiais civis.

"Eu tendo a crer que essa menor adesão muito provavelmente está vinculada a essa aderência [dos PMs] ao bolsonarismo, que é negacionista, que acredita em tratamento precoce", afirmou Samira Bueno.

O professor de Gestão Pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Rafael Alcadipani, corrobora. "Na Polícia Civil, há muito menos a ideologia bolsonarista e negacionista, é muito menos medida e levada por essa ideologia. Isso acaba afetando. É do discurso bolsonarista ser contra a vacina."

Bolsonaro já atacou as vacinas contra a covid-19 diversas vezes ao longo do ano e, inclusive, ainda não se vacinou contra a covid-19.