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Bolsonaro destoa de líderes mundiais ao não se vacinar contra a covid-19

Arquivo - Com 66 anos de idade, Bolsonaro poderia ter tomado a vacina em Brasília em abril - Adriano Machado/Reuters
Arquivo - Com 66 anos de idade, Bolsonaro poderia ter tomado a vacina em Brasília em abril Imagem: Adriano Machado/Reuters

Do UOL, em São Paulo

12/07/2021 11h37

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem dito que será o último a se vacinar contra a covid-19. Segundo ele, os líderes devem priorizar a população e serem os últimos a se vacinar. Sua posição, no entanto, destoa do que vem acontecendo em outros países do mundo.

Em todo o mundo, chefes de Estado têm se vacinado ao chegar sua vez na fila de prioridade. A vacinação dos mandatários é considerada importante para incentivar a população a buscar a imunização, mostrando que a vacina é segura.

Com 66 anos de idade, Bolsonaro poderia ter tomado a vacina em Brasília em abril.

Quando os Estados Unidos eram governados por Donald Trump, aliado de Bolsonaro, o então vice-presidente Mike Pence tomou a vacina contra a covid-19. Antes de tomar posse, o atual presidente Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, também foram imunizados e televisionaram o momento.

Outro aliado de Bolsonaro a se vacinar foi o então primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em fevereiro deste ano ele ainda virou garoto-propaganda da vacinação em seu país, quando gravou um vídeo bem-humorado chamando as pessoas a se vacinarem.

Com 94 anos na ocasião, a rainha Elizabeth 2ª, do Reino Unido, esteve entre os primeiros vacinados.

Outros líderes mundiais que já tomaram a vacina contra a covid-19 são os presidentes da França, Emmanuel Macron, do Uruguai, Luis Lacalle Pou, do Equador, Guillermo Lasso, da Colômbia, Iván Duque, da Rússia, Vladimir Putin, da Bolívia, Luis Arce, da Argentina, Alberto Fernández, do Chile, Sebastián Piñera, de Portugal, Marcelo Rabelo de Souza, da Venezuela, Nicolás Maduro, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, da Indonésia, Joko Widodo, e do México, Andrés Manuel López Obrador.

Os reis da Arábia Saudita, Salman, do Marrocos, Maomé VI, e os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, da Austrália, Scott Morrison, do Reino Unido, Boris Johnson, do Canadá, Justin Trudeau, da Alemanha, Angela Merkel, da Itália, Mario Draghi, do Japão, Yoshihide Suga, entre outros, também já foram imunizados.

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, aliado de Bolsonaro, também deve ser o último a se vacinar, segundo declarou no fim de junho o ministro da Saúde do país, Julio Borba. O presidente da China, Xi Jinping, não divulgou se já foi imunizado ou pretende ser.

Presidente desacreditou vacina

O presidente desacreditou reiteradamente a vacinação como forma de combate à covid-19. Ele chegou a ironizar dizendo que quem tomasse a vacina ia "virar jacaré".

O mandatário ataca com frequência a CoronaVac e mentiu ao dizer que a vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac não tem comprovação científica.

As vacinas que estão sendo aplicadas no Brasil foram autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em caráter definitivo —caso da Pfizer e da AstraZeneca — ou de forma emergencial — como a CoronaVac e a Janssen. Todas elas passaram por avaliações do órgão regulador que comprovaram a sua eficácia, qualidade e segurança, após testes clínicos com milhares de pessoas.

A CoronaVac, criticada pelo presidente e bandeira do governador João Doria (PSDB), apresentou eficácia geral de 50,38% para prevenir casos de covid-19, 78% para prevenção de casos leves e 100% para casos moderados e graves da doença.

Nos testes, realizados com 13.060 pessoas, nenhum voluntário vacinado contraiu uma forma grave da covid-19 se contaminado. As taxas de eficácia do imunizante são semelhantes às verificadas em vacinas que já fazem parte do PNI (Plano Nacional de Imunização), como a da gripe.

No dia 1º de junho, a OMS (Organização Mundial de Saúde) autorizou o uso emergencial para maiores de 18 anos da CoronaVac.

O governo federal tomou decisões que atrasaram o início da imunização. Em julho de 2020 Bolsonaro deixou de comprar doses da CoronaVac e em agosto decidiu não comprar vacinas da Pfizer. Além disso, o governo foi um dos últimos a aderir ao consórcio internacional Covax Facility.

A demora do governo para comprar vacinas está sendo investigada pela CPI da Covid no Senado. Segundo especialistas, milhares de mortes teriam sido evitadas se o Brasil tivesse comprado vacinas mais cedo.