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Idosa é presa após xingar pai e filho negros com palavras racistas no DF

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL, em Brasília

29/07/2021 15h18Atualizada em 30/07/2021 09h51

Uma idosa de 64 anos foi presa em flagrante em Águas Claras, no Distrito Federal, após xingar um homem e seu filho com termos racistas. O caso aconteceu na manhã de ontem.

Segundo a Polícia Civil, as vítimas estavam paradas na calçada em frente a um shopping da região, observando e comentando a pintura do prédio, já que os dois eram pintores e se interessavam pelo assunto. O pai, um idoso de 70 anos, tem câncer e tinha acabado de sair de uma consulta médica no estabelecimento.

O filho estava gravando as reações do pai no momento em que a mulher pronuncia as ofensas. Nas cenas, é possível observar que ela se aproxima da família e empurra os dois na calçada. "Negrada do inferno, vai pro raio que o parta", afirmou a mulher.

A situação logo chamou atenção de quem passava pelo local e alguns pedestres resolveram conter a mulher e ligar para a polícia. Uma policial militar à paisana que passava pelo local também parou para ajudar e chamou reforço.

Toda a cena foi filmada pelo filho do idoso. A mulher chutou as pessoas que a seguravam e, em determinado momento, começou a chorar e gritar.

Segundo a PM, ela estava "bastante nervosa e com comportamento agressivo".

Diante da situação, a equipe decidiu levá-la à delegacia. Nesse momento a mulher ainda tentou fugir e chutou um dos militares.

As vítimas acompanharam a equipe à delegacia e registraram um boletim de ocorrência por injúria racial. A idosa também vai responder por vias de fato, já que agrediu um policial. Foi arbitrada fiança no valor de R$ 1.000, e após o pagamento, ela foi liberada.

O UOL tentou localizar a idosa, mas não obteve retorno. Segundo a policial militar Carla Costa, ela se recusou até a pedir desculpas. "Ela estava muito alterada, querendo bater em todo mundo e quando ele informou o que havia ocorrido eu pedi para ela pedir desculpas e ela se negou e ficou chamando todo mundo de imundo", lembra a policial.

Diante da situação, a equipe decidiu levá-la à delegacia. Nesse momento a mulher ainda tentou fugir e chutou um dos militares.

À GloboNews, o pai lamentou a situação pela qual passou. "Fiquei muito chateado, nervoso demais da conta. Foi muito sério, fiquei muito chateado, constrangido, nervoso. No momento em que ela me empurrou, fiquei ate com medo da minha cirurgia abrir", disse ele, identificado como José.

"Definitivamente, o racismo tem que acabar, não pode existir. Nós todos somos iguais, não tem diferença nenhuma. Por que um tem que ser melhor que outro?", indagou.

O filho do idoso, Alcides Santos, contou que o pai passou por uma cirurgia há 20 dias e que o empurrão da mulher o fez cair.

"A gente realmente estava na calçada gravando, mas ela pode desviar ou pedir licença. Meu pai desceu rolando a grama, graças a Deus não se machucou, porque era grama. Se fosse asfalto, pedra ou marquise ele teria se machucado", conta Alcides.

Racismo x injúria racial

A Lei de Racismo, de 1989, engloba "os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O crime ocorre quando há uma discriminação generalizada contra um coletivo de pessoas. Exemplo disso seria impedir um grupo de acessar um local em decorrência da sua raça, etnia ou religião.

O autor de crime de racismo pode ter uma punição de 1 a 5 anos de prisão. Trata-se de crime inafiançável e não prescreve. Ou seja: no caso de quem está sendo julgado, não é possível pagar fiança; para a vítima, não há prazo para denunciar.

Já a injúria racial consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem a fim de atacar a dignidade de alguém de forma individual. Um exemplo de injúria racial é xingar um negro de forma pejorativa utilizando uma palavra relacionada à raça.