Com apagão, moradores do Morumbi reclamam de noite no escuro e sem banho
Quatro dias depois de um incêndio na subestação de energia responsável por abastecer a região do Morumbi, na zona oeste de São Paulo, moradores ainda sofriam com apagão e instabilidade na rede. O UOL conversou ontem com vizinhos que disseram que as velas passaram a virar item essencial em casa, e o banho quente, em meio ao inverno, tornou-se impossível.
No último domingo (1º), 17 viaturas do Corpo de Bombeiros se deslocaram até o local que pegou fogo. O incêndio foi controlado em cinco horas, mas a falta de luz tem sido rotina na vizinhança —que inclui condomínios de classe alta e a segunda maior comunidade da capital paulista, Paraisópolis.
Morador de Paraisópolis, que fica localizada próxima à subestação, o pastor Igor Alexsander diz que os apagões na favela começaram antes do incêndio, na semana passada.
"Antes mesmo de ter queimado a subestação, as luzes já apagavam entre 18h e 20h. Durante o dia, às vezes caía e voltava a energia. Com a explosão, ficamos sem energia até uma hora da manhã. No dia seguinte, alguns pontos ficaram sem luz, mas voltaram. A favela ficou apagada até as 23h", disse ao UOL.
O pastor contou que, assim que a energia caiu, no domingo, os moradores ficaram inseguros de andar nas ruas da comunidade. "A favela estava cheia de policiais na hora do apagão. As pessoas relataram agressões e até bomba de gás lacrimogêneo eu ouvi."
Uma moradora da comunidade contou ao pastor que foi parada e abordada de forma violenta numa blitze da PM na avenida Hebe Camargo. "É revoltante", escreveu na mensagem de texto, pelo celular.
A reportagem procurou a Secretaria Estadual da Segurança Pública, que não se manifestou até a noite de ontem —o texto será atualizado se houver posicionamento.
"Parte do pavilhão da favela é repleto de barracos. As pessoas fizeram fogueiras na frente das casas para clarear e se aquecer. Algumas perderam comida com a geladeira parada. No frio, só banho gelado", afirmou o pastor.
O comerciante Gervásio Lopes se preocupa com o impacto na vida dos filhos. "Estamos prejudicados porque os alunos estudam em casa. Quando estão estudando, falta energia, principalmente na hora da aula. Sem luz, como que vão estudar?", questionou.
A servidora pública federal Flavia Maciel, 44, que mora em um condomínio no Panamby, tem um filho que exige cuidados especiais, mudou a rotina por conta do apagão. "Decidi levar os dois filhos para a casa do pai. Na quarta (4), fiquei com elas à luz de velas. Estou tomando banho de caneca há três dias, sem lavar o cabelo", disse.
Maciel contou que, no grupo de WhatsApp da vizinhança, outros moradores descreveram situações péssimas. "Pessoas tiveram aparelhos queimados, estão em home office e não podem trabalhar. Toda região fica sem luz, inclusive a iluminação pública e isso gera insegurança, caos", disse.
Em nota, a Enel pediu desculpas pelos transtornos, ressaltou que vem trabalhando "incansavelmente" para solucionar o problema e informou que concluiu na madrugada de quarta-feira a instalação de uma "subestação móvel" para atender os clientes da região do Morumbi.
"Com isso, foi normalizado o fornecimento de energia na região, principalmente à noite, no horário de pico. A distribuidora continua trabalhando para a reconstrução da subestação Paineiras, onde ocorreu o incêndio no domingo", diz o texto enviado à reportagem, apesar de a reportagem ter ouvido relatos de problemas durante toda a quinta-feira (5).
A concessionária pede que os clientes que tiverem danos elétricos entrem em contato com os canais de atendimento para solicitar análise no portal da Enel ou no número 0800 7272 120.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.