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Com apagão, moradores do Morumbi reclamam de noite no escuro e sem banho

1.ago.2021 - Bombeiros combatem incêndio que atingiu uma subestação de energia do bairro do Morumbi, em São Paulo - Mila Maluhy/Estadão Conteúdo
1.ago.2021 - Bombeiros combatem incêndio que atingiu uma subestação de energia do bairro do Morumbi, em São Paulo Imagem: Mila Maluhy/Estadão Conteúdo

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

06/08/2021 04h00

Quatro dias depois de um incêndio na subestação de energia responsável por abastecer a região do Morumbi, na zona oeste de São Paulo, moradores ainda sofriam com apagão e instabilidade na rede. O UOL conversou ontem com vizinhos que disseram que as velas passaram a virar item essencial em casa, e o banho quente, em meio ao inverno, tornou-se impossível.

No último domingo (1º), 17 viaturas do Corpo de Bombeiros se deslocaram até o local que pegou fogo. O incêndio foi controlado em cinco horas, mas a falta de luz tem sido rotina na vizinhança —que inclui condomínios de classe alta e a segunda maior comunidade da capital paulista, Paraisópolis.

Morador de Paraisópolis, que fica localizada próxima à subestação, o pastor Igor Alexsander diz que os apagões na favela começaram antes do incêndio, na semana passada.

"Antes mesmo de ter queimado a subestação, as luzes já apagavam entre 18h e 20h. Durante o dia, às vezes caía e voltava a energia. Com a explosão, ficamos sem energia até uma hora da manhã. No dia seguinte, alguns pontos ficaram sem luz, mas voltaram. A favela ficou apagada até as 23h", disse ao UOL.

O pastor contou que, assim que a energia caiu, no domingo, os moradores ficaram inseguros de andar nas ruas da comunidade. "A favela estava cheia de policiais na hora do apagão. As pessoas relataram agressões e até bomba de gás lacrimogêneo eu ouvi."

Uma moradora da comunidade contou ao pastor que foi parada e abordada de forma violenta numa blitze da PM na avenida Hebe Camargo. "É revoltante", escreveu na mensagem de texto, pelo celular.

A reportagem procurou a Secretaria Estadual da Segurança Pública, que não se manifestou até a noite de ontem —o texto será atualizado se houver posicionamento.

"Parte do pavilhão da favela é repleto de barracos. As pessoas fizeram fogueiras na frente das casas para clarear e se aquecer. Algumas perderam comida com a geladeira parada. No frio, só banho gelado", afirmou o pastor.

O comerciante Gervásio Lopes se preocupa com o impacto na vida dos filhos. "Estamos prejudicados porque os alunos estudam em casa. Quando estão estudando, falta energia, principalmente na hora da aula. Sem luz, como que vão estudar?", questionou.

A servidora pública federal Flavia Maciel, 44, que mora em um condomínio no Panamby, tem um filho que exige cuidados especiais, mudou a rotina por conta do apagão. "Decidi levar os dois filhos para a casa do pai. Na quarta (4), fiquei com elas à luz de velas. Estou tomando banho de caneca há três dias, sem lavar o cabelo", disse.

Maciel contou que, no grupo de WhatsApp da vizinhança, outros moradores descreveram situações péssimas. "Pessoas tiveram aparelhos queimados, estão em home office e não podem trabalhar. Toda região fica sem luz, inclusive a iluminação pública e isso gera insegurança, caos", disse.

Em nota, a Enel pediu desculpas pelos transtornos, ressaltou que vem trabalhando "incansavelmente" para solucionar o problema e informou que concluiu na madrugada de quarta-feira a instalação de uma "subestação móvel" para atender os clientes da região do Morumbi.

"Com isso, foi normalizado o fornecimento de energia na região, principalmente à noite, no horário de pico. A distribuidora continua trabalhando para a reconstrução da subestação Paineiras, onde ocorreu o incêndio no domingo", diz o texto enviado à reportagem, apesar de a reportagem ter ouvido relatos de problemas durante toda a quinta-feira (5).

A concessionária pede que os clientes que tiverem danos elétricos entrem em contato com os canais de atendimento para solicitar análise no portal da Enel ou no número 0800 7272 120.