Topo

Esse conteúdo é antigo

"A gente dá espaço para facção", disse ex-secretário do RJ a traficante

Raphael Montenegro, ex-secretário da Seap no Rio - Divulgação/Seap
Raphael Montenegro, ex-secretário da Seap no Rio Imagem: Divulgação/Seap

Do UOL, em São Paulo

22/08/2021 21h34

Novos áudios divulgados hoje pelo "Fantástico", da TV Globo, revelam que o ex-secretário de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro Raphael Montenegro sabia da entrada de celulares em cadeias do estado.

Durante conversa com o traficante Luís Cláudio Machado, o Marreta, Montenegro admite facilitar acesso de aparelhos às unidades e assim dar espaço para facções.

"Eu não vou falar para você que não vai entrar telefone, vai entrar. Agora, mas também tem o seguinte. Eu vou tentar segurar esse telefone, e vou dar geral. Assim, a gente dá esse espaço, pra, pra, pra facção. Tipo assim, dá espaço para todas as facções", afirma Montenegro, no áudio.

"Vocês querem vender a tua parada na boa, ter seu lucro e tocar a vida. Ninguém no mundo consegue impedir isso. O mundo inteiro tem o tráfico de drogas. Agora, por que só no Rio é essa m****?", reclama, em seguida.

Montenegro deixou hoje o Presídio Pedrolino Werling de Oliveira (Bangu 8), após cumprir cinco dias de prisão temporária. Ele estava preso desde terça-feira passada, quando foi alvo da Operação Simonia.

Além dele, também foram soltos outros dois ex-funcionários da Seap: o ex-subsecretário de Gestão Operacional Wellington Nunes da Silva e o ex-superintendente Sandro Gimenes.

O trio é acusado de tentar negociar a transferência de líderes do Comando Vermelho de presídios federais para penitenciárias do Estado. Raphael Montenegro foi gravado durante encontro com algumas lideranças da facção no presídio federal de Catanduvas, no Paraná.

Por isso, o ex-chefe da Seap responde por suspeita de ter praticado pelo menos três crimes: falsidade ideológica, advocacia administrativa (quando o funcionário público usa o cargo para defender interesse privado na administração pública) e associação para o tráfico. A defesa nega as acusações.

*Com informações da agência Estadão Conteúdo