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Homem branco que furtou bicicleta elétrica é condenado em regime semiaberto

Polícia Civil do Rio prendeu Igor Martins Pinheiro, homem branco suspeito de furtar a bicicleta que motivou questionamentos públicos ao instrutor de surfe negro Matheus Ribeiro - Reprodução/TV Globo
Polícia Civil do Rio prendeu Igor Martins Pinheiro, homem branco suspeito de furtar a bicicleta que motivou questionamentos públicos ao instrutor de surfe negro Matheus Ribeiro Imagem: Reprodução/TV Globo

Daniele Dutra

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

25/08/2021 23h41

O responsável pelo furto da bike elétrica do Leblon, Zona Sul do Rio, foi condenado nesta quarta-feira (25) a um ano e quatro meses de reclusão e 10 dias de multa por furto qualificado. A decisão foi da juíza da 40ª Vara Criminal da Capital do TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), Alessandra de Araújo Bilac Moreira Pinto, que condenou Igor Martin Pinheiro, de 22 anos, a responder em regime semiaberto.

O furto ocorreu em junho e ganhou repercussão após um jovem negro compartilhar um vídeo nas redes sociais sendo acusado por um casal branco. O casal teve o processo de calúnia arquivado na Justiça. Conhecido como "Loirão", Igor Pinheiro já praticou diversos furtos no bairro, vendendo os objetos em sites na internet. Ele estava preso preventivamente desde o dia 17 de junho e, em até 72 horas, será transferido para uma unidade com o sistema compatível ao semiaberto.

Segundo o TJRJ, na audiência de instrução e julgamento, o acusado permaneceu calado durante o seu interrogatório. Mariana Spinelli, dona da bicicleta furtada e o namorado Tomás Oliveira também foram ouvidos na tarde de hoje (25). Igor foi reconhecido nas imagens captadas por câmeras de segurança do local, foi abordado por policiais civis cinco dias após o ocorrido. Na ocasião, ele carregava em sua mochila um alicate de pressão de 18 polegadas, que usava para fazer os furtos.

No apartamento do criminoso em Botafogo, também na Zona Sul do Rio, foram apreendidos a bermuda que ele usava no momento do crime e um alicate usado para romper o cadeado da bicicleta. Imagens do circuito de segurança de um prédio próximo mostram que, em menos de dois minutos e de forma discreta, Pinheiro destranca o cadeado e leva o veículo embora.

"No que tange à sentença proferida hoje pelo juízo da 40? Vara Criminal, a defesa de Igor Martins Pinheiro entende que a mesma condiz perfeitamente com a melhor interpretação do Código Penal, à luz dos princípios constitucionais trazidos por nossa Carta Magna", disse Thiago Cabral, advogado de Igor Pinheiro.

No dia do furto, o casal questionou o instrutor de surf Matheus Ribeiro, que estava em sua bicicleta elétrica, de modelo similar, aguardando a namorada na porta do Shopping Leblon. Ribeiro gravou um vídeo do momento em que foi abordado por eles e mesmo negando qualquer envolvimento, Thomás chegou a tentar abrir o cadeado do veículo.

Na época, Matheus compartilhou o vídeo e um desabafo nas redes sociais: "Não aguentam nos ver com nada, no mesmo lugar que eles?! Piorou. Eu não era alguém pedindo esmola ou vendendo jujuba... 'Um preto numa bike elétrica?! No Leblon? Aaah só podia ser, eu acabei de perder a minha, foi ele'. São coisas que encabulam o racista. Eles não conseguem entender como você está ali sem ter roubado dele, não importa o quanto você prove. Ela não tem ideia de quem levou sua bicicleta, mas a primeira coisa que vem a sua cabeça é que algum neguinho levou".

Ribeiro fez uma denúncia contra Mariana Spinelli e Tomás Oliveira, mas a justiça decidiu arquivar o processo de calúnia contra o casal no dia cinco desse mês. Ele também não conseguiu encaminhar o caso para a Delegacia de Crimes Raciais. Diante do arquivamento, o instrutor de surf afirmou em um vídeo que continuará lutando para que seu caso não seja mais um: "Queria dizer que nossa voz tem força, que vou continuar tentando mostrar o que acontece quando um negro vai à delegacia e tenta expor sua indignação", disse o jovem.