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Filhos denunciam mãe por dopar e agredir padrasto, que tem esquizofrenia

Filhos denunciaram que o padrasto chegou a ser esfaqueado - Arquivo Pessoal
Filhos denunciaram que o padrasto chegou a ser esfaqueado Imagem: Arquivo Pessoal

Nathalia Zôrzo

Colaboração para o UOL em Brasília

16/09/2021 09h37

Uma mulher de 53 anos foi indiciada por maus-tratos contra o marido, de 49 anos, que é servidor aposentado do Banco Central e sofre de esquizofrenia. A denúncia foi feita pelos três filhos de Maruzia das Graças Brum Rodrigues, enteados de Eduardo Nunes Rodrigues.

Eles contaram à polícia que a mãe estava dopando o padrasto com altas dosagens de medicamentos e que frequentemente o agredia. Em uma das ocasiões, ela chegou a esfaquear o marido. O UOL tentou contato com o advogado de Mariuzia, mas ele não atendeu às ligações.

Em depoimento à polícia, um dos filhos disse que certa vez chegou em casa e encontrou objetos bagunçados e algumas coisas quebradas e que Eduardo estava assustado e dizendo que tinha apanhado da mulher.

Os filhos afirmaram que as agressões ocorriam há muitos anos, mas só tiveram conhecimento do que realmente ocorria no dia 8, quando Eduardo precisou ser socorrido em casa pelo Samu, com sintomas de overdose de medicamentos.

Eles contaram que Mariuzia é que tomava conta da aposentadoria de R$ 23 mil de Eduardo, alegando que ele não sabia controlar os gastos por causa do transtorno psiquiátrico. Os enteados, no entanto, dizem quem o homem tem condições de levar uma rotina normal, minimizando os efeitos da doença.

Atendendo a pedidos dos três irmãos, a Justiça do Distrito Federal determinou o recolhimento do passaporte do servidor para que ele não possa ser levado pela mulher para fora do Brasil novamente e também decidiu passar a guarda de Eduardo - chamada de curatela nesse caso - para uma das enteadas.

Mayana Brum Pereira contou ao UOL que a sensação agora é de alívio por ter conseguido tirar o padrasto da situação em que se encontrava e que ele ainda está muito assustado.

Ele diz que não quer falar sobre a agressão nem sobre a facada e que só quer ter uma vida tranquila agora. Os familiares dele estão em contato com nossas advogadas para conseguir a curatela que hoje está provisoriamente no meu nome".

Segundo Mayana, a situação em que o homem chegou era deplorável.

As coisas dele estavam em sacos de lixo pretos, não tinha quase nada de roupas. Ele não tem calças que servem. Nos pediu até cuecas e meias"

Vida normal com transtorno

Segundo os filhos, o casal se conheceu em 2000, logo se casaram e a família passou a morar junto, em Brasília. Os enteados dizem que Eduardo tinha um transtorno, era muito metódico, mas levava uma vida normal. Algum tempo depois, Mariuzia o convenceu a fazer um tratamento psiquiátrico e desde então começou a controlar a vida do marido. Ela interditou Eduardo judicialmente e passou a administrar as finanças dele.

Em 2011, Mariuzia foi estudar em Portugal e deixou Eduardo morando sozinho em uma quitinete. Em 2019, ela resolveu levar o marido para o exterior com ela, mas os dois voltaram ao Brasil em junho deste ano, depois que Mariuzia soube que o marido poderia perder o salário se não fizesse a prova de vida. Desde então os dois passaram a morar juntos em um apartamento que alugaram em Águas Claras (DF).

A mulher foi indiciada por maus-tratos, lesão corporal e cárcere privado. O Ministério Público do Distrito Federal recebeu o inquérito policial na terça-feira (14) e vai analisar se apresenta denúncia contra ela na justiça.

Segundo Mayana, a mãe abandonou o imóvel alugado e está escondida na casa da diarista dela.