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Suspeitos de sequestrar helicóptero para resgatar presos são identificados

Helicóptero foi gravado fazendo manobras perigosas no RJ; piloto alega que, no momento, entrava em luta corporal com sequestradores - Reprodução de vídeo
Helicóptero foi gravado fazendo manobras perigosas no RJ; piloto alega que, no momento, entrava em luta corporal com sequestradores Imagem: Reprodução de vídeo

Tatiana Campbell

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

22/09/2021 20h03Atualizada em 23/09/2021 08h34

A Polícia do Rio de Janeiro identificou os dois homens suspeitos de sequestrar um helicóptero e render o piloto Adonis Lopes, na tarde do último domingo (19). A ação ocorreu durante uma viagem de volta de Angra dos Reis (RJ) para a capital carioca.

Segundo a Delegacia de Repressão Às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Khawan Eduardo Costa Silva e Marco Antônio da Silva, conhecido como Pará, estariam armados com fuzis e teriam ordenado que o piloto seguisse para o Complexo Penitenciário de Bangu, na Zona Oeste da cidade, para resgatar criminosos. A polícia suspeita que a dupla teria três alvos no presídio.

A polícia afirma que Khawan não tem antecedentes criminais, mas participou da tentativa de resgate para se aproximar da maior facção criminosa do estado.

"É quase impossível que eles tenham tentado esse resgate sem a aprovação da cúpula do Comando Vermelho. Eles fugiram para o Complexo da Penha e do Alemão e os líderes dessas comunidades também serão investigados", disse William Pena, titular da Draco.

O delegado informou que já está em mãos de um mandado de prisão expedido contra Khawan Eduardo da Costa e que Marco Antonio Silva já é considerado foragido da Justiça, pelo crime de homicídio. Silva também é apontando como o suposto gerente do tráfico de drogas da Favela do Sabão, em Niterói, município em que a dupla teria sido deixada pelo piloto Adonis Lopes.

A suspeita é que a dupla esteja foragida entre a Penha e o Morro do Alemão, área de atuação de líderes do Comando Vermelho como Edgar Alves de Andrade, conhecido como "Doca", e Wilton Carlos Quintanilha, o "Abelha".

A Polícia Civil informou que três importantes nomes da facção criminosa são suspeitos de serem os alvos da tentativa de resgate. Entre os nomes apontados, estão Márcio Gomes de Medeiros Roque, o Marcinho do Turano, transferido ontem de unidade prisional após o início das investigações. Ao UOL, o advogado dele, Felipe Andrada, informou que esteve hoje com o suspeito e o mesmo "negou veementemente participação no caso".

De acordo com a polícia, a suspeita de que mais de um preso seria resgatado ficou ainda mais evidente após tomar conhecimento que a dupla de sequestradores ter pedido especificamente um helicóptero esquilo, que cabe pelo menos cinco passageiros.

"Eles queriam uma aeronave de pelo menos cinco lugares. Então, para nós, isso indica que mais de um detento iria fugir do Presídio Vicente Piragibe" disse Pena.

Além dos nomes citados pela Polícia Civil, os agentes já desconfiam do responsável que financiou esse esquema. A viagem de ida e volta para Angra dos Reis custou R$ 14,5 mil. Khawan e Marco Antônio ainda ficaram hospedados em um hotel de luxo da região. O nome do financiador segue sob sigilo. A investigação ainda precisa esclarecer o que a dupla fazia em Angra dos Reis.

Mais cedo, durante agenda na Procuradoria Geral do Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) expressou estranheza com as características do crime reveladas até o momento.

"Não houve nenhuma movimentação de nenhuma natureza na penitenciária, o que faz até a gente achar que era alguém que foi pago e que achou que teria essa condição. Foi muito esquisito o que aconteceu, mas a gente já está investigando para poder entender", declarou.

Marcinho do Turano foi levado nesta segunda-feira (21) para Bangu 1 - unidade de segurança máxima. Questionado do motivo pelo qual os outros dois presos também não foram realocados, o delegado William Pena disse que isso compete à Secretaria de Administração Penitenciária.

Fuga em 2005

Segundo a Polícia Civil, um dos outros dois presos que eles acreditam ser alvo da dupla foi responsável por uma tentativa de resgate na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, em 2005. Na ocasião, dois policiais morreram, um suspeito foi morto e o suspeito acabou encarcerado, até hoje — os alvos da investida seriam presos que estavam prestes a depor em Fórum da região.