Lacraias: O que fazer em casos como o de mulher picada e como evitá-las
A estagiária de comércio exterior Nataly Galdino, de 21 anos, foi pega de surpresa na madrugada de sábado (9) em São Vicente, no litoral de São Paulo, ao ser picada por uma lacraia enquanto dormia. A universitária relatou ao UOL que foi parar no hospital por conta do incidente e que a rotina de casa mudou totalmente depois para evitar novas ocorrências. Mas, afinal, o que provoca a aparição de lacraias em casa?
O biólogo do Instituto Vital Brazil, Cláudio Souza, explicou ao UOL que estes animais peçonhentos são irradiáveis, ou seja, são capazes de ocupar um número muito variado de micro ambientes - inclusive de biomas brasileiros. "A gente conhece mais um grupo que fica mais próximo ao ser humano, mas existem vários outros que não temos tanto contato", diz ele.
As lacraias, que também são conhecidas como centopeias, podem medir até 23 centímetros e têm comportamentos de caçada noturnos. Elas se alimentam de insetos, mas algumas podem chegar inclusive a ser predadoras de animais vertebrados, como alguns roedores. Seu corpo é adaptado para entrar em frestas e viver em ambientes com bastante umidade.
Fazemos uma generalização que praticamente qualquer micro ambiente que seja escuro, úmido e que tenha a presença de insetos pode levar o aparecimento de lacraia. E se você leva isso para as cidades, tem as galerias de água de chuva, de gordura, o esgoto [como locais propícios para o seu aparecimento]
Ainda que o caso de Nataly tenha ocorrido em São Vicente, o biólogo assegura que incidências de lacraia são registradas em todo o território brasileiro. "A gente tem mais informações sobre as cidades litorâneas porque é onde tem mais gente. É onde está mais concentrada a população brasileira, mas não é porque é uma região de praia. Você pode encontrar lacraias em restinga, em floresta úmida, em montanha. Há diferente espécies desse grupo em diferentes biomas."
O contato humano com o animal não é fatal, mas pode causar dores de cabeça para quem sofre com uma picada. "Quando comparado com outros venenos, a lacraia tem um veneno pouco tóxico", explica Souza.
Não existe uma lacraia que o veneno por si só possa levar ao óbito, no entanto, a gente não pode descartar a complexidade do incidente. Se uma lacraia muito grande picar uma criança debilitada, que tenha problemas de saúde, ela pode ter complicações. Mas esses casos não são frequentes
Há poucos casos comprovados de morte em decorrência do veneno da lacraia, segundo explica o biólogo. A substância tem ação local, ocasionando uma forte dor, mas é expelida naturalmente pelo metabolismo do corpo humano. Segundo o biólogo, ainda não existe um tratamento específico, como um soro, para a picada de lacraia, mas nestes casos são utilizados medicamentos para cuidar da dor, além de remédios que ajudem a evitar infecções secundárias.
"Não é que a lacraia transmita os micro-organismos. A sede da lesão, a ferida que ela causa, pode propiciar a entrada deles". Desta forma, o biólogo recomenda lavar o local da picada com água e sabão, manter a calma e procurar um médico caso enfrente uma picada.
E como evitar as lacraias?
Limpar ralos semanalmente e mantê-los fechados, fechada caixas de gordura e esgoto, limpar jardins e aparar gramas, não usar porões, garagens e quintais como depósito e cuidar de muros e calçamentos são algumas das recomendações do Instituto Vital Brazil.
"Assim como outros animais peçonhentos, a gente costuma utilizar um conjunto de técnicas para procurar identificar os fatores de risco que chamamos de quatro As", explica o biólogo.
O primeiro é o Acesso: qual foi o acesso que esse animal teve para entrar na minha casa? Pode ser um ralo, janela, uma compra, um material de construção. Depois, o Abrigo: Onde ele está se escondendo? Na pilha de pedra, no móvel, no sótão. O terceiro e é o Alimento: O que ele está comendo? Elas são predadoras de muitos insetos domésticos, inclusive de baratas. E por último a Água: é necessário encontrar as fontes de umidade da residência para entender a incidência do animal.
O biólogo ainda alerta para nunca se tentar capturar uma lacraia porque elas são ágeis e podem provocar uma picada rapidamente. "O melhor a se fazer é procurar um órgão ambiental competente do município. E jamais tocar na lacraia ou em qualquer animal peçonhento", sugere ele.
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