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Jacarezinho: Comandantes também deveriam ser investigados, diz pesquisador

Policiais carregam corpo durante operação na Favela do Jacarezinho, no Rio - REUTERS / Ricardo Moraes
Policiais carregam corpo durante operação na Favela do Jacarezinho, no Rio Imagem: REUTERS / Ricardo Moraes

Do UOL, em São Paulo

15/10/2021 20h01

O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou dois policiais civis pela morte de um jovem durante a operação policial no Jacarezinho, a mais letal da história do estado. Para Cesar Muñoz, pesquisador sênior da Human Rights Watch no Brasil, a denúncia é "extremamente grave", mas não é suficiente —os comandantes que planejaram a ação também deveriam ser investigados.

"O Ministério Público deveria investigar não apenas os policiais civis diretamente envolvidos na incursão, mas também os comandantes da Polícia Civil que planejaram e ordenaram a operação mais letal da história do Rio", disse.

A Human Rights Watch é uma ONG internacional que atua pelos direitos humanos. Muñoz disse ainda que as conclusões apontadas pelos procuradores no documento mostram que "a polícia não pode investigar a si mesma".

"Esse comando disse no mesmo dia da operação que não houve nenhum abuso, antes de qualquer investigação. É por isso que a polícia não pode investigar a si mesma. O Ministério Público deveria investigar todos os casos de morte decorrente de intervenção policial, no Rio e no resto do país, para garantir a imparcialidade", declarou.

Para ele, deixar policiais que violam a lei impunes "estimula os abusos nas comunidades, e prejudica a própria polícia e a segurança pública".

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro concluiu que Omar Pereira da Silva, um homem negro morto aos 21 anos durante operação na favela do Jacarezinho em maio, foi arrastado por policiais do local onde foi baleado, um quarto de criança, para alterar a cena do crime. A perícia também não encontrou armas ou vestígios de conflito no local.

As informações constam na denúncia apresentada à Justiça contra dois policiais civis, Douglas de Lucena Peixoto Siqueira e Anderson Silveira Pereira. Ambos são acusados de fraude processual, e Douglas, de homicídio doloso (quando há intenção de matar). Os promotores também pedem que eles sejam afastados das funções públicas.