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Menino sofre queimadura após ataque de besouro; Cuiabá enfrenta infestação

A mãe do menino relatou que a cidade passa por infestação dos animais - Arquivo pessoal
A mãe do menino relatou que a cidade passa por infestação dos animais Imagem: Arquivo pessoal

Bruna Barbosa

Colaboração para o UOL, em Cuiabá

12/11/2021 22h06Atualizada em 13/11/2021 07h43

Uma criança de dez anos ficou com uma queimadura de segundo grau após o ataque de um besouro da espécie "Neoaulacoryssus speciosus", em Cuiabá (MT). O caso aconteceu em 30 de outubro, mas chamou atenção agora, pelo fato de a cidade de Cuiabá passar por uma infestação do inseto.

A mãe do menino, a enfermeira Daniela Oliveira, de 38 anos, conta que os besouros estão sendo vistos com cada vez mais frequência nos últimos dez dias. Depois do filho ter sido queimado pelo animal, amigos alertaram Daniela que também estavam observando a quantidade de besouros aumentar.

Uma amiga da enfermeira, que trabalha em uma creche de Cuiabá, contou que foi preciso usar uma pá para tirar os animais do prédio. A unidade ainda vai precisar passar por uma dedetização após a infestação de besouros no local.

Atraídos pela luz

A bióloga Adriana Gaíva Mattos Dalloglio, do setor de endemias e animais sinantrópicos da Unidade de Vigilância em Zoonoses de Cuiabá, explicou ao UOL que é comum ver essa espécie de besouros em períodos chuvosos. Além disso, eles são atraídos por fontes de luz.

No caso do filho de Daniela, ela se despedia de uma amiga com a porta do carro aberta e acredita que, neste momento, o besouro entrou no veículo.

No caminho [para casa], meu filho começou a gritar bastante que estava queimando. Como estava dirigindo em uma avenida, não consegui estacionar, perguntei o que ele estava sentindo e ele disse que sentiu um bicho andando nele.

Como a enfermeira estava no volante, pediu que a filha usasse uma lanterna para ver o que havia acontecido com o menino. Em seguida, Daniela conseguiu identificar a queimadura no pescoço do filho.

Foi difícil até de visualizar. Só fui encontrar o bichinho quando cheguei em casa e vasculhei o carro. Graças a Deus achei o besouro e li reportagens sobre ele.

Mesmo dias após o ocorrido, o menino ainda está com a queimadura em processo de cicatrização e precisou fazer uso de pomadas específicas.

Daniela conta que decidiu compartilhar a história do filho para alertar outras mães sobre o besouro.

Não sabia que esse besouro causava queimadura. Ele solta bastante ácido. Fiquei preocupada de ser algum outro bicho, dele ter soltado algum tipo de veneno, causar necrose ou uma intoxicação. Senti medo de ser pior que uma ferida.

Besouro não é venenoso

besouro - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Besouro da espécie 'Neoaulacoryssus speciosus' não é venenoso
Imagem: Arquivo pessoal

A Unidade de Vigilância em Zoonoses de Cuiabá ressaltou que o besouro não é venenoso e não transmite doenças aos seres humanos. No entanto, quando é pressionado contra uma superfície acaba liberando líquido quente e de odor forte.

Esse líquido pode provocar queimação em peles mais sensíveis, além de manchas na pele ou tecidos. O animal foi identificado com ajuda do professor doutor do Instituto de Biociência da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e entomólogo, Fernando Vaz-de Mello. Fernando é responsável por um dos maiores acervos de besouro da América Latina e o maior de Mato Grosso.

De acordo com a bióloga, evitar lâmpadas acesas na parte interna ou externa de casa é um dos cuidados para evitar o aparecimento dos besouros. O animal é considerado predador por se alimentar de insetos menores e, por isso, precisa ser preservado, afirma Adriana.

A Unidade de Vigilância em Zoonoses de Cuiabá também pediu para que o contato com o besouro seja evitado por conta do risco de queimadura. Dependendo da gravidade, os ferimentos podem precisar de avaliação médica.