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Homem com câncer nos ossos morre após abordagem da polícia, diz família

Chris Wallace da Silva tinha 24 anos e atualmente trabalhava como barbeiro - Reprodução/Instagram
Chris Wallace da Silva tinha 24 anos e atualmente trabalhava como barbeiro Imagem: Reprodução/Instagram

Heloísa Barrense

Do UOL, em São Paulo

18/11/2021 22h02Atualizada em 19/11/2021 16h11

O barbeiro Chris Wallace da Silva, de 24 anos, morreu na terça-feira (16) após ter sido abordado agressivamente por policiais militares em Goiânia, segundo relata a família. O jovem sofria de mieloma múltiplo, um tipo de câncer que afeta os ossos, e ficou cinco dias internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital de Urgências de Goiânia antes de morrer.

O caso ocorreu no dia 10 de novembro, por volta das 19h. Chris saiu com um amigo, cuja identidade não foi revelada, para comprar um refrigerante em uma distribuidora próximo da casa dele, localizada no Bairro Fidélis. Aproximadamente a 200 metros da residência, a dupla foi abordada por uma viatura.

Segundo o advogado da família, Emanuel Rodrigues, os agentes questionaram se os dois tinham passagem policial, ao que Chris confirmou uma ocorrência pelo crime de tráfico de drogas no Tocantins. Segundo o advogado da família, Emanuel Rodrigues, o caso é antigo e Chris já havia cumprido pena em relação à infração. Atualmente, ele trabalhava como barbeiro.

Ainda segundo o advogado, os policiais, no entanto, ficaram gradualmente agressivos. Não se sabe ao certo o motivo da mudança de comportamento. O amigo de Chris avisou aos agentes sobre a condição de saúde do jovem e afirmou que ele não poderia ser agredido. No entanto, segundo relatado pelo advogado, os policiais pediram para que Chris estendesse os braços - momento no qual recebe uma paulada de cassetete. Acreditando que os jovens estavam mentindo, os agentes iniciaram uma série de agressões contra os dois amigos.

Chris conseguiu retornar à sua casa, onde teve crises convulsivas. A mãe questionou o filho sobre o episódio e, por meio de perguntas e acenos, já que o jovem não conseguia falar, foi informada que ele havia sido agredido por policiais. Ela acionou o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhou o filho ao hospital. Ainda, de acordo com o advogado, os relatórios médicos apontam que foi constatado que Chris teve traumatismo craniano, uma lesão grave no pulmão, braços trincados e o rim estourado.

Para o advogado, o caso pode ser compreendido como um homicídio doloso. "O que a gente está sustentando é que, a partir do momento que os policiais tinham consciência de que ele tinha o câncer ósseo e que uma agressão poderia gerar resultado morte, eles assumiram o risco de produzir o resultado morte. Eles estavam cientes. O amigo é inequívoco, prestou depoimento e já fez exame de corpo delito no IML porque ainda está com roxos."

Chris sofria do mieloma múltiplo desde os 14 anos de idade e, nos últimos anos, estava enfrentando um agravamento da condição. Ele fazia transplantes de medula óssea para garantir uma sobrevida.

Segundo o advogado, os policiais envolvidos na abordagem ainda não foram identificados. A família, agora, prepara uma ação para obter respostas do Estado de Goiás.

O UOL entrou em contato com a Polícia Militar de Goiás para saber se a corporação possui um posicionamento sobre o caso. A instituição confirmou o recebimento do pedido, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. A SSP-GO (Secretaria de Segurança Pública de Goiás) também foi contatada pelo UOL e, até o momento, não respondeu aos questionamentos. O espaço segue aberto para atualização, tão logo obtenhamos retorno e esclarecimentos.